quinta-feira, 16 de junho de 2011

‘A Câmara Municipal reconhece a cultura local’

Sinvaline Pinheiro é muita coisa, como por exemplo, uruaçuense; mãe; avó; escritora; poeta; sertanista; inteligente; íntima da natureza; humanitária; assistencial; ágil; quase mulher do mato; dedicada; humildade, de olhar tímido, mas que enxerga longe... Também é coordenadora-geral do Memorial Serra da Mesa, complexo, magistral espaço de natureza científica e educativa existente às margens do lago Serra da Mesa (em Uruaçu - dez minutos distante do Centro da cidade) e, administrado pela Fundação de Desenvolvimento da Região da Serra da Mesa (Fusem), presidida pelo educador Rodrigo Gabriel.
Gigante defensora da área cultural dentro de Goiás, Sinvaline Pinheiro foi homenageada na noite de 13 de junho durante sessão ordinária da Câmara Municipal de Uruaçu, com uma Moção de Apoio à Cultura e de Congratulações. Trata-se de propositura do vereador Pastor Noraldino (do PR e primeiro-secretário da mesa diretora 2011) e aprovada por unanimidade pelos pares da Casa de Leis.
Em entrevista exclusiva ao grupo JC (Jornal Cidade e Blog do Jornal Cidade), ela diz se sentir honrada com o reconhecimento e tece agradecimentos.
Falando sobre Memorial, assinala que o fato de as pessoas se transformarem para melhor após visitar o espaço cultural, dá a ela forças para prosseguir com o trabalho.


Sinvaline Pinheiro homenageada. Vereador
Pastor Noraldino propositor e a Moção
-
Fotos: Marcos Antonio/ASCOM CMU


Sinvaline Pinheiro, homenageada na Câmara Municipal
de Uruaçu, ao fazer uso da palavra. A seguir, outras fotos
dela nos bastidores da sessão solene...

 

...Com familiares: Aline de Sá Pinheiro (filha) (esq.),
Vitoria Pinheiro (neta), Teodorico Pinheiro (neto), Abadia
Pinheiro (cunhada) e Everte Pinheiro (irmão)...


...Com amigos convidados: Nelza (esq.), Joaquim Sol, Geraldo
(mestre folião - igualmente Sinvaline, são do grupo de folclore
Serra da Mesa), Pastor Noraldino, Vany Custódio e
Wilson Vasconcelos (Zico Pacífico)...


...Mais amigos convidados. À direita, Jota Marcelo,
editor-chefe do JC/ASCOM Câmara...


...Com oito dos nove vereadores de Uruaçu: Rones Maia (esq.),
Zé Rosa e Sil (atrás). E, Robson Pimentel, Francisco do Ônibus,
Pastor Noraldino, Chiquinho e Irmão. A Câmara conta também
com o vereador Joeli do Salão, ausente na foto, mas que
também participou da sessão

O que representa esse reconhecimento da parte da Câmara Municipal?
A Câmara Municipal de Uruaçu reconhece a cultura local e também se insere no contexto histórico fazendo parte do movimento literário que há muito tempo não é prestigiado pelo poder público local. Me sinto honrada em ser parte desse reconhecimento.

Ao fazer uso da palavra na tribuna da Câmara a senhora disse que toda pessoa pode escrever histórias. Comente mais sobre isso.
Sim, hoje não só em Uruaçu, mas em todos os lugares as pessoas se baseiam em um, dois ou três livros escritos e não mais se preocupam em buscar depoimentos orais, objetos para que a história seja legitimada. Se cada cidadão procurar registrar  a história de sua família, o futuro será rico de informações e não se perderão fatos importantes. Aqui em nossa região não se falam nos livros sobre os ciganos que muito influenciaram o início da cidade, da fazendeira Chica Machada que foi um marco do trabalho rural e assim são muitas histórias esquecidas. Não importa como é feito esse registro, mas ele precisa existir. Grandes fatos históricos foram registrados por pessoas que mal sabiam ler e escrever e agora são referências importantíssimas. As escolas públicas, particulares, as universidades deveriam ter um trabalho nesse sentido.

Momento ímpar para registrar agradecimentos.
Agradeço a todos os vereadores, na pessoa do senhor presidente Rones Maia [PR] e especialmente ao vereador Pastor Noraldino, [PR] que indicou meu nome. Quero agradecer também a minha família e aos amigos que prestigiaram o evento.

O que fazer para dar mais vida para duas Academias de Letras existentes em Uruaçu?
Os interessados devem desenvolver projetos em grupos buscando ajuda do poder público.

Como vão as atividades do Memorial?
O Memorial recebe durante a semana várias escolas de Mara Rosa, Minaçu, Bonópolis, Niquelândia e de outras cidades. São visitas agendadas. Começamos o preparativos da III Semana do Folclore, que acontecerá de 7 a 11 de setembro de 2011.

Qual é e como vai a estrutura humana que atua no Memorial?
A estrutura humana ainda é escassa. O Memorial é como se fosse uma grande chácara e além do trabalho de manutenção, há o trabalho intelectual que precisa ser atuante, fazendo com que cada turista ou cada aluno ou professor que passe por ali tenha mudanças de atitudes melhoradas para com a história, o outro, o meio ambiente e para consigo mesmo, e isso temos conseguido, o que é o orgulho do Memorial.

O uruaçuense precisa se envolver mais com o cotidiano do Memorial. Reforce convite para que as pessoas coloquem o espaço em suas agendas de visitas.
Sim, pouco a pouco os uruaçuenses estão entendendo que a obra é importante e estão participando. Existem casos de grandes mudanças na vida de pessoas que frequentam o Memorial, como respeito ao outro, ao meio ambiente, aos filhos, etc. Membros de uma família que visitou o Memorial  no II Encontro de Culturas, me relataram que após conhecer e conversar com indígenas ficaram impressionados em saber como os indígenas respeitam a água, o próximo. Eles se encantaram em saber que o indígena não suja a água, a mulher indígena menstruada não entra no rio porque é falta de respeito. Os pais não castigam ou batem nos filhos, os velhos são respeitados como deuses da sabedoria. E assim são muitos exemplos que ouço no cotidiano. É o que me dá forças para continuar o trabalho.

O que o Memorial espera da parte do Ministério da Cultura, para o segundo semestre?
O Memorial espera maior apoio além do Ponto de Cultura [de nome Memórias de Serra da Mesa]. Espera aprovação também de outros projetos que encaminhamos.

E da Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico, a Agepel?
A Agepel é solidária conosco e esperamos apoio mais direto agora nesse segundo semestre.

Além dos seus livros, recomende para leitura um livro goiano...
Qualquer um de Afonso Felix de Sousa, um dos maiores escritores goianos, já falecido, natural de Jaraguá...

...Um livro nacional...
Dom Casmurro, de Machado de Assis...

...Um livro internacional...
...Nesse mundo conturbado pela violência - feminina -, é bom que se leia  A cidade do sol.

Nota da Redação do JC: a obra A cidade do sol é de Khaled Hosseini, médico afegão radicado nos Estados Unidos, autor também de O caçador de pipas

Uruaçu 15/06/11 - (Jota Marcelo - JC On-line)

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