sábado, 22 de novembro de 2008

TJ confirma condenação de quatro acusados de abuso de adolescentes

24 pessoas são suspeitas de abuso sexual em Niquelândia, município no norte do estado.
Por unanimidade, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) manteve a condenação de quatro envolvidos num dos maiores escândalos envolvendo políticos e exploração sexual de adolescentes no País. Os ex-secretários de Agricultura e de Indústria e Comércio de Niquelândia, respectivamente Rusley Olegário Dias e Gláucio Almeida Soares, além do então chefe de gabinete do prefeito do município, José Geraldo Gavazza Pedroni, e do motorista do prefeito, Anderson da Silva Rocha, não conseguiram reverter a condenação imposta pelo juiz de Niquelândia, Rinaldo Aparecido Barros.
A história de Gabriela, de 14 anos, e Larissa, de 13 (nomes fictícios), ocorreu no início de 2007, quando tiveram início os abusos, praticados por homens públicos de Niquelândia. Elas contaram ao POPULAR que cobravam de 80 reais a 150 reais por programa. “Fizemos por livre e espontânea vontade. Quase foi a cidade inteira, e só gente da prefeitura”, contou Gabriela ao jornal.
Investigações do Ministério Público estadual apontaram que os acusados abusaram das ligações telefônicas para as garotas - 270 ao todo. Depois que o caso veio à tona e os suspeitos investigados, Larissa e Gabriela começaram a receber ameaças. “Um deles (dos acusados) deixou recado falando que vai pagar alguém para matar”, relatou Gabriela.
O rumoroso episódio envolvendo as adolescentes em Niquelândia acabou chamando a atenção da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia do Congresso Nacional, que ouviu pessoas envolvidas no escândalo na cidade, além das duas adolescentes. O relator da CPI da Pedofilia é o senador goiano Demóstenes Torres (DEM).

Julgamento
Em julgamento anterior pelo TJ-GO, Arlindo Bispo de Sousa, dono de motel naquela cidade, que fica a 370 quilômetros de Goiânia, também teve sua condenação mantida. Já José Batista Vieira, dono de uma loja de informática; Sílvio Roberto Dias, dono de um hotel e Joscelino Correa das Neves, fazendeiro na região, conseguiram a absolvição. Outros 11 condenados em primeira instância aguardam julgamento pelo Tribunal. Em relação a outros três, o juiz ainda não sentenciou. A filha do prefeito, Dátilla Abadia Evangelista Batista Calassa, que seria namorada de uma das adolescentes, como não foi denunciada por exploração sexual, mas por corrupção de menores, teve o processo suspenso (benefício concedido pela Lei 9.099), mas terá de cumprir série de requisitos, com restrições à vida social.
O prefeito de Niquelândia Ronan Rosa Batista, um dos 24 envolvidos no processo que apura o caso e que foi reeleito para o cargo, sequer foi denunciado pelo procurador-geral de justiça, Eduardo Abdon de Moura, por ter foro privilegiado.

Nota da Redação do JC: leia mais sobre o escândalo niquelandense, abaixo

Uruaçu 22/11/08 - (Transcrito, sem adaptações, do jornal O Popular [Goiânia-GO] - Waldineia Ladislau, desta data)


Meninas falam com naturalidade à polícia sobre as aventuras sexuais

Em entrevista ao POPULAR, duas meninas, que na época em que estourou o escândalo envolvendo o primeiro escalão do Executivo e Legislativo de Niquelândia, tinham 13 e 14 anos de idade, elas contaram que foram voluntariamente àquela cidade para se prostituírem. E elas realmente fizeram isto, desde o início de 2007, passando pelas camas do prefeito da cidade, Ronan Rosa Batista, secretários do município, vereador, comerciantes e outros moradores da região. Ao todo, foram identificados 23 clientes, além de uma mulher, com quem uma das adolescentes manteve relacionamento amoroso homossexual.
Como as meninas foram pegas de madrugada na rua, desrespeitando o toque de recolher imposto aos adolescentes naquela cidade, por ordem do juiz local, o caso ganhou repercussão. Com naturalidade, elas contaram à polícia, ao Conselho Tutelar e ao representante do Ministério Público todas as aventuras sexuais que estavam tendo há quatro meses, incentivadas à prostituição por uma tia.
O envolvimento de autoridades abriu novamente a discussão da exploração sexual de crianças e adolescentes. Tema visto não só pela sociedade como pelo Judiciário, sem muito rigor, nos casos em que os jovens consentem com o relacionamento sexual (Waldineia Ladislau).


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