terça-feira, 27 de abril de 2010

Alcides: ‘Sou democrata, não persigo’


Governador Alcides: “Eu nunca fiz ameaça a ninguém,
todos são sabedores disso”

Depois de conversar com aliados para avaliar os ataques feitos pelo senador Marconi Perillo (PSDB), o governador Alcides Rodrigues (PP) decidiu não responder no mesmo tom. Com leves alfinetadas, mas demonstrando tranquilidade, Alcides disse que continuará “trabalhando para entregar um Governo sem dívidas para o sucessor”.
O governador disse que não pretende demitir tucanos que ocupam cargos no Governo por conta do endurecimento das críticas de Marconi - pré-candidato ao Governo -, e afirmou que é “democrata” e não “perseguidor”.
Governistas entendem que a atitude do tucano, de fazer pesadas críticas ao Governo pelo Twitter, gerou desgastes mais ao próprio senador. Para aliados de Alcides, “entrar no jogo” de Marconi seria dar chance para que o ex-aliado se coloque como vítima no processo eleitoral.
Em 23 tweets anunciados como resposta às críticas do ex-prefeito Iris Rezende (PMDB), o senador criticou a gestão de Alcides, a qual chamou de “inoperante e incompetente”. Marconi acusou o governador de ser responsável pelas más condições das rodovias estaduais e pelas obras paralisadas do Centro de Excelência, em Goiânia.
Ao responder, na chegada à abertura da 4ª Conferência Estadual das Cidades, Alcides disse que o Estado está acima de questões políticas e pessoais. “Eu lamento que ele [Marconi] tenha feito esses comentários. Quero dizer que estou trabalhando muito. O Estado de Goiás está acima de qualquer questiúncula, qualquer posição político-partidária, qualquer sentimento pessoal. Vou continuar trabalhando, procurando entregar um Governo sem dívidas, agindo com responsabilidade e com o maior respeito com a coisa pública.”
Segundo Alcides, os problemas do Centro de Excelência são de “ordem jurídica” e não dependem da vontade do Estado. Ele afirma ter dinheiro em caixa para dar continuidade às obras. Na semana passada, o jornal O Popular mostrou que uma batalha judicial entre a Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) e a Eletroenge também emperrava a construção do Centro, cujas obras estão paralisadas desde o fim do 2009.
“Ele [Marconi] sabe muito bem, até porque é muito ligado ao Tribunal de Contas do Estado, que as pendências são de ordem jurídica. Não há problemas de recursos. Inclusive tem recursos depositados em conta há muito tempo. E não podemos hora nenhuma passar por cima da lei. Ele é sabedor disso”, disse Alcides. A alfinetada sobre a boa relação do tucano com o TCE reflete as especulações difundidas pelo Governo de que o Tribunal sofre influências políticas no casos do Centro de Excelência e do Centro Cultural Oscar Niemeyer, também em Goiânia.
O governador reafirmou o compromisso de restaurar todas as rodovias do Estado, atribuindo a má condição das estradas às chuvas. “Ele [Marconi] também está ciente, assim como todos em Goiás e no Brasil, que tivemos um ano atípico, chuvoso. Isso danificou não só as rodovias de Goiás, mas as do Brasil”, justificou, para lembrar a promessa do Governo: “Já dissemos de público e estamos iniciando a restauração completa de todas as rodovias. E também a pavimentação de outras rodovias que já estavam no nosso planejamento. Serão dezenas e dezenas e vamos entregar grande parte delas até o final do nosso mandato.”
Mesmo com o elevado tom das críticas de Marconi ao Governo, tucanos que ocupam cargos no Estado não dão sinais de que pretendem deixar as funções. Do outro lado, Alcides também não pretende afastá-los, disse ontem: “Eu nunca fiz ameaça a ninguém, todos são sabedores disso. São pessoas a que quero bem, do PSDB, que compõem o meu Governo em cargos relevantes e próximos ao governador. Isso demonstra, de maneira bastante clara, que não sou perseguidor.”
O presidente do PSDB metropolitano e chefe de Gabinete do governador, Olier Alves, disse na semana passada que os tucanos devem deixar os cargos de primeiro escalão após o prazo final para as convenções, em 30 de junho.

Prefeitos
Alcides respondeu também às acusações do presidente do PTB estadual, deputado Jovair Arantes - aliado de Marconi -, de que o Governo estava chantageando os prefeitos do partido para que apoiassem o candidato governista, Vanderlan Cardoso (PR). Pelo menos a metade dos prefeitos do PTB declarou apoio ao republicano.
O governador disse não ser de seu feitio fazer pressão política. “Isso não existe. Todos me conhecem. Nunca fiz pressão. Invoco o testemunho de qualquer prefeito de que eu tenha feito qualquer tipo de pressão. Não é da minha índole, não é do meu feitio. Sou um democrata. Diferente de muitos que se dizem democratas e vivem pressionando, ameaçando, aterrorizando e fazendo pressão a todo momento.” Segundo Alcides, o apoio a Vanderlan ocorre de forma “espontânea”.
Sobre a divisão no PP, já que um grupo de prefeitos do partido quer aliança com Marconi, o governador disse que respeita as opiniões divergentes e que sempre há posições contrárias. “Se tem um ou outro do PP que não comungue com a nossa intenção de apoiar o Vanderlan, existem também prefeitos de outros partidos que o apoiam.”

Celg
Sobre a possibilidade de cassação da concessão da Celg pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o governador disse que está agindo “administrativamente e politicamente” para salvar a empresa. A Aneel avalia hoje a cassação em reunião marcada para as 10h. Para o dia 30, está prevista reunião da Eletrobras para fechar o acerto - com venda de 40 por cento das ações -, com o Governo goiano para equilibrar as contas da companhia.

Uruaçu 27/04/10 - (Transcrito, com adaptações, do jornal O Popular [Goiânia-GO], desta data)

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