sexta-feira, 13 de agosto de 2010

OPINIÃO - Artigos

Cadê Teresa?

Iracema Dantas


Dona Teresa e sua querida neta Lorena Dantas,
formada em Ciência da Computação

“Essa simbiose de amor começou a dar galhos. Desses galhos nasceram frutos e não para mais de dar flores.”

Teresa de Azevedo Dantas (nome de solteira) nasceu em Picuí, na Paraíba, no início dos anos 20. É filha única de José Paulino Dantas Pequeno, que tinha um jeito sisudo pra disfarçar uma alma grandiosa. Era conhecido por Parente e chamado de Coronel. Exportador de couro e algodão e proprietário de uma rua inteira de grandes armazéns, pra guardar mercadoria. Mantinha também um seringal em Sena Madureira, no Amazonas, pra onde pretendia mandar quem se atrevesse a “tocar” na maior riqueza da vida dele - sua única filha, em quem ele investia todos os seus sonhos.
Teresa fez o curso de Guarda-Livros (hoje Contabilidade), no Colégio Nossa Senhora das Neves, em Natal. Uma inovação tratando-se de uma mulher, praquela época. Falava inglês, francês, frequentava as melhores festas, esbanjava beleza e charme. Frequentou a renomada Escola Doméstica de Natal, onde aprendeu a preparar banquetes... Contadora da firma que representava no Nordeste a multinacional Eli Lilly and Company. Aluna da irmã Aquinata Eibel, filha de conde da Áustria. Na escola era chamada por Terezão e em casa, carinhosamente, por Teca.
Aos 27 anos, Teresa foi rendida pelo charme e os olhos azuis de um agricultor simples, sem pedigree. E os dois planejaram voar pra longe, em busca de um paraíso onde pudessem viver um amor eterno. No primeiro passo Teresa definiu a vida dela e de quem mais chegasse. Uma fotografia com a seguinte dedicatória foi o pivô de tudo: “Luiz, você concretiza o meu ideal na vida. Meu amor por você será eterno. E o resto você compreenderá no silêncio eloquente desta fotografia e na expressão sincera do meu olhar”.
Num navio, Teresa e Luiz partiram às escondidas da cidade de Natal, rumo ao porto de Santos, com um enxoval completo, todo bordado à mão, feito com carinho, pra guardar por toda a vida. Em Santos, o cunhado (irmão de Luiz) aguardava os pombinhos. Já tinha reservado igreja, contratado padre, alugado vestido, sapato, dama de honra, fotógrafo (uma foto vale mais do que mil palavras). Tudo que um casamento de verdade merece. Até o cartório estava de plantão.
E o coronel? Ele ficou a ver navios. Morreu de desgosto, mas antes perdeu toda sua fortuna em jogos de baralho.
Enquanto isso, Teresa e Luiz foram morar num acampamento, em plena mata virgem, no Paraná - maior exportador de café do mundo. Um Estado que precisava abrir estradas pra escoar sua riqueza e por isso eles foram pra lá.
Essa simbiose de amor começou a dar galhos. Desses galhos nasceram frutos e não para mais de dar flores.
Luiz, a partir de 31 de março de 1992, é morador do céu. E Teresa resume assim o pedacinho de vida que teve ao lado dele:
“Falar de Luiz Pereira de Araújo, com quem fui casada durante pouco mais de 41 anos, traz-me à memória a imagem do marido, pai e avô coruja. Figura múltipla que dedicava à família um carinho especial.
Homem simples que viveu da Terra. Um amante da Natureza. Autodidata que se atrevia a orientar consertos em trator por telefone, tamanha era sua afinidade e segurança profissional como mecânico. O melhor do mundo.
Todos o conheciam. Afinal, Xico Barbudo, apelido herdado nos anos 50, estava sempre cercado de amigos. Andava feliz num Jeep sem capota, escoltado pelo fiel Vencedor, cão que o acompanhou até morrer de velho.
Por detrás de seus olhos azuis morava um homem humilde, honesto e sensível.
Um nordestino adotado por Jaraguá, Lendária Terra.
Uma conversa amiga, bondade e desprendimento material acompanhavam a disposição para o trabalho. Dar a mão, ajudar os outros era o que importava, a qualquer hora do dia ou da noite.
Sua marca registrada tinha a troca como pagamento. Nunca conseguiu dar valor monetário a seu trabalho.”
Mas, cadê Teresa?
Teresa está em Jaraguá, guardada por dois de seus filhos, que não arredam o pé de perto dela. Feito uma rainha, só sendo paparicada, dando ordens pra todo mundo. O diploma de Guarda-Livros está na parede, assim como fotografias que registram só momentos bons. Sua máquina de datilografia manual está guardada debaixo de sete chaves. Bem ao centro da sala, em lugar de destaque, um diploma onde se lê: “Goianidade não é condição. É sentimento. Nascido aqui ou não, quem escolheu Goiás para viver é goiano pelo coração.”

Iracema Dantas reside em Goiânia e, é escritora e jornalista. Contatos: iracemada@gmail.com

Nota da Redação do JC, nesta postagem de 13/08/10: Iracema Dantas militou por anos na imprensa da capital Goiânia. Para este periódico, disse: “Fui a primeira colunista de Turismo em Goiás. Tive três páginas, às sextas-feiras, entre as décadas de 1970 e 1980. Na minha opinião, devemos dar apoio a essa ‘indústria sem chaminé’, chamada turismo.” Ela esclarece que conhece algumas pessoas em Uruaçu. “Da época em que eu trabalhava no Mobral. Amizades sinceras, que eu cultivo”, comenta. Iracema deixa também esta reflexão: “Há coisa melhor do que a língua? Ela é o laço da vida, da razão; e por meio dela as cidades são construídas e policiadas. Graças a ela as pessoas não só são instruídas, persuadidas e convencidas nas assembleias, mas também cumprem o primeiro de todos os deveres, que é o de louvar a Deus.” Palvaras de Esopo, moralista e fabulista grego do século 6 a.C.. Veja internauta, recortes de jornais, onde Iracema Dantas é destaque


Então coluna de Iracema, Turismo, quadro Roteiro.
“De Goiânia, domingo, 21/06/1981, ‘Folha de Goiaz’”, informa a mesma


Veiculação focando Iracema, que foi assessora da
então primeira-dama de Goiás, Valéria Perillo...


...Assinada pelo jornalista Dener Law, a reportagem
(de 05/01/2003) é do extinto jornal goianiense Gazeta Popular
Iracema integra e ajuda divulgar o projeto
É CHIQUE FALAR PORTUGUÊS

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