Ênio
comenta detalhes que fazem diferença para a rentabilidade dos produtores – Fotos: Fredox Carvalho
Produtor
da região destaca que bom planejamento antes, durante e após a colheita faz a
diferença
Vinicius
Domingues indica que as previsões futuras para esta safra ainda são positivas
Para
Schreiner, o produtor deve ter atenção para aguentar os altos e baixos da
agricultura
O
mercado de grãos é incerto e a instabilidade do clima move os preços da soja e
do milho. Com a volatilidade, o produtor precisa se preparar e se planejar para
conseguir boas vendas. A receita para obter sucesso é conhecer os custos de
produção e se planejar. A observação é do consultor de mercado e palestrante do
Fórum de Comercialização e Mercado
Agrícola 2017, Ênio Fernandes. Ele marcou presença no evento, realizado
pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) dia 6 de fevereiro, na
cidade de Itumbiara. Os encontros seguem até o dia 15 de fevereiro, em mais
cinco municípios do Estado.
Ênio
fez uma análise dos mercados futuros de soja e milho. De acordo com ele, os
estoques de soja estão baixos e grande parte da safra 2016/2017 já foi
comercializada, por isso o mercado deve se manter positivo para o produtor. Mas
o especialista faz o alerta de que o produtor precisa ter o custo de produção
na mão e não pode querer vender no melhor preço. “De hoje até abril, ele terá a
oportunidade de travar o preço bem acima do custo de produção. Se o preço
chegou a 25% de margem, trave um pouco da produção. Mas não pode sempre esperar
o melhor preço”, disse.
O
analista também destaca diferenças regionais e a conduta no mercado futuro da
soja. Segundo ele, produtores da região Sul do País são sempre mais
competitivos para a exportação, pois são financiados em real e podem ser mais
audazes nas vendas. Para ele, o sojicultor do Centro-Oeste que busca
financiamentos em dólar e está mais distante dos portos, deve travar os preços
com mais antecipação e precisa ser mais conservador. “Se ele é muito grande,
tem que crescer sempre e pouco. O pequeno produtor pode ousar mais. Mas o
grande agricultor tem que ser cauteloso e ter o custo de produção sempre na
mão. Uma margem de 10% a 20% no preço da soja em relação ao custo de produção,
o produtor de Mato Grosso pode vender, enquanto o do Rio Grande do Sul, não”,
ressaltou.
De acordo
ainda com o especialista de mercado, existe uma receita de sucesso que está
sendo aplicada por produtores desde a década de 1970. “Quem tem sucesso em
Goiás e Mato Grosso? São imigrantes, trabalhadores focados e extremamente
conservadores. Quem teve sucesso foi planejador e não foi afoito”, destacou.
Dentro da margem
Vivenciado
isso na prática, o produtor rural de Itumbiara, Wagner Nunes Garcia, destaca
que o bom planejamento antes, durante e após a colheita faz a diferença para
uma boa safra. Mas aponta que muitos fatores como o clima e as oscilações de
mercado podem deixar o plantio incerto. “Começo meu plantio sempre com
informações de mercado e, principalmente, de olho nas previsões climáticas.
Hoje, se não nos planejarmos não continuaremos na atividade”, disse.
Com
80 sacas por hectare de soja já colhidas, Garcia salienta que a safra 2016/2017
poderia ter sido melhor. Ele aponta que o veranico foi um dos fatores que não
auxiliaram no avanço de produtividade na região. “Tivemos perdas em torno de
29% em nossa produção por conta do clima. Mas mesmo assim a safra está
correspondendo com o esperado”, apontou o produtor que iniciou o plantio de
milho safrinha em 50 hectares da sua propriedade.
Compactuando
com as mesmas incertezas na hora do plantio, o engenheiro agrônomo e gerente de
uma propriedade em Itumbiara, Vinicius Domingues, indica que as previsões
futuras para esta safra ainda são positivas. Com 1.800 hectares de algodão
plantados, o produtor acredita que a cotonicultura também está refém dos
preços. “Ainda estamos no início da safra de algodão e tudo indica, pelas
previsões futuras, que teremos uma safra muito boa para esta cultura. Mas ainda
estamos inseguros com os preços. Esperamos que ocorra um aumento na hora de
comercializar”, salientou.
Na ponta do lápis
Para
o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, o produtor deve ter atenção para
aguentar os altos e baixos da agricultura. Com isso, segundo ele, adquire-se
conhecimento que, sozinho, não é possível alcançar. “Temos maturidade e
paciência, mas a parte de comercialização e conhecimento também são
primordiais. Precisamos de mais oportunidades como esta, para ouvir
profissionais que possam nos contar sobre o cenário atual”, ressaltou se
referindo as palestras do Fórum de Comercialização e Mercado Agrícola.
O
presidente do Sindicato Rural (SR) de Itumbiara, Rogério Santana, acredita que
as discussões trazidas para o Fórum vão ajudar o produtor a se preparar para o
início da safra. “O produtor rural, que geralmente faz muito bem seu trabalho
da porteira para dentro, porém quando faz da porteira para fora ainda tem
dificuldade em comercializar. É importante que o nosso produtor saiba o que
fazer com a comercialização de nossos grãos, para contribuir com o aumento da
safra”, sinalizou.
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