sábado, 24 de novembro de 2012

ENTREVISTA - Maria das Neves: ‘Temos que colocar as coisas no lugar, não deixar a vaidade falar mais alto’

Entrevistada na Redação pelo JC dia 29 de outubro, Maria das Neves (PSB) foi eleita vereadora por Uruaçu, somando 390 votos, concorrendo pela coligação Frente Uruaçu Popular, que também contou com o PC do B. “É uma felicidade muito grande, trabalhei bastante, dediquei ao máximo”, diz sobre o fato de se tornar vitoriosa. “Estou me sentindo como se fosse a ‘Hebe Camargo’ da Câmara Municipal”, brinca, reverenciado a famosa apresentadora de televisão. Sobre futuros trabalhos parlamentares, avisa: “Sou taxada de polêmica, às vezes as pessoas entenderão meu mandato como de uma pessoa polêmica, mas na verdade não é isso. Como vereadora, temos obrigações e, se tiver que falar mais alto, se tiver que indispor com alguém na Câmara para fazer o meu mandato eu vou fazer isso. Não vou representar só as pessoas que me elegeram, mas representar a cidade num todo.” Leia.

PERFIL
Maria das Neves Laurindo da Silva teve 196 votos em 2008, ao tentar pela vez primeira. Técnica em segurança do trabalho e, líder comunitária, preside a Associação dos Moradores do Setor Oeste (Asmoeste). É autora de denúncias focando a municipalidade. 33 anos, nasceu no Povoado de Urualina (Uruaçu) e foi registrada em Hidrolina. Convive sob união estável com Eduardo Costa Silva e têm o caçula Eduardo Filho. É mãe também de Letycia Mikaella (que lhe deu a neta Anna Júlia [hoje com onze meses]) e Marianna Khetlen.

Maria das Neves (durante entrevista na Redação): “Converso com as pessoas e elas perguntam se irei conseguir pelo menos mais um Posto de Saúde para a nossa região [setor Oeste] e digo que o que eu puder fazer na Câmara para que isso aconteça vou fazer sim”

Como se sente em ter sido eleita?
É uma felicidade muito grande, trabalhei bastante, dediquei ao máximo, praticamente deixei até de viver para minha família nesses dois últimos anos para alcançar esse objetivo maior, ser eleita, pois eu sabia que através da política poderia conseguir chegar a um numero maior de pessoas para ajudar, porque todo mundo que me conhece sabe do meu esforço em prol dos mais carentes. Não tem como medir o tamanho da alegria, da satisfação de ter conseguido ser eleita, é muito grandioso, fico até meio confusa com o sentimento. Às vezes você quer explodir de alegria, mas parece que fica algo ali contendo, porque eu ainda não sou vereadora, fui eleita. Eu ainda não dei aquele grito de liberdade, estou me contendo para que a partir do mês de janeiro eu venha extravasar mesmo toda essa alegria e satisfação que tenho de ter sido eleita. São 390 eleitores, é esse o número de pessoas que está do meu lado para me apoiar, ajudar e é muito gratificante essa sensação de vitória. Nunca tinha experimentado, não tenho palavras.

A última vereadora uruaçuense foi Vilnar Carvalho, na legislatura 2001-2004. Agora é a senhora.
Me sinto com uma responsabilidade muito grande de ter sido a única mulher eleita, me sinto - assim -, poderosa, não menosprezando outras candidatas. Eu, sempre focada no trabalho que venho desenvolvendo, fico mais feliz na hora em que as pessoas me falam Maria, a única mulher eleita... Como você está se sentindo?. Que legal, eu até falo que estou na medida, estou me sentindo como se fosse a Hebe Camargo da Câmara Municipal. Estou me sentindo a Hebe Camargo, que é a rainha da TV [apresentadora de televisão, falecida em 29 de setembro último]. Depois de tanto tempo Uruaçu eleger só homens e eu batia na tecla dizendo que iríamos eleger, no mínimo, umas três mulheres. Imaginava que teriam mais mulheres na Câmara de 2013 a 2016 e, para minha surpresa, alegria, eu fui a única eleita. A responsabilidade é muito grande, sei que tenho que fazer muito mais do que eu havia proposto, porque tenho que representar muito bem nós mulheres. Tenho que mostrar que somos capazes porque a partir daí eu acredito que vamos ter espaço maior. Acho injusto a Justiça Eleitoral reservar 30 por cento das vagas do partido para sair as candidatas mulheres, pois na prática o que deveria acontecer não acontece: os 30 por cento da Câmara [vagas] deveriam ser reservados para as mulheres e preenchidos. Se pegássemos as três mulheres mais bem votadas e colocasse, somando a dez homens eleitos aí, sim, a justiça seria feita. Lutamos muito por espaço, mas na realidade acho ainda que somos acanhadas, estamos ainda com medo de mostrar a cara, até porque trazemos isso dentro da gente esse preconceito por ser mulher.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), envolvendo todo o Brasil em 2012, pela primeira vez a cota mínima de candidaturas de mulheres estabelecida em lei, de 30 por cento, foi atingida. Diria que mais mulheres deviam se candidatar e, para ganhar, não apenas emprestando nomes para cumprir cotas?
Para a Justiça Eleitoral tornar mais justa a participação das mulheres na política, devia ser feito de outra maneira. Não deviam utilizar o sexo feminino para os homens chegarem aos objetivos deles na política, que é se elegerem vereadores e para outros cargos. E nós mulheres acabamos sendo menos importante ainda em uma época em que a mulher está lutando tanto para poder ter espaço, para mostrar o trabalho. Não vou dizer de igual para igual, é complicado isso, não vai acontecer jamais, mas tem que ter a diferença sim. Não podemos ficar simplesmente servindo de degraus para os homens chegarem onde eles querem. Acho que nós mulheres só vamos ser valorizadas a partir do momento que cobrar isso das pessoas também. Neste ano eu achei de muita coragem diversas mulheres terem emprestado os nomes para preencher essas vagas. Chega a ser frustrante essa ideia, já que é uma exigência da Justiça Eleitoral. Vejo que essa exigência deveria partir da gente, que é mulher e, não prestar esse papel, porque você acaba se tornando conhecida, as pessoas falam de você porque você é candidata... Só que você não está batalhando para ter uma expressão de votos, o que devia ser objetivo de todos candidatos. Acho que agridem muito as mulheres, vejo não ser correta a forma com que foi tratada neste ano a política em relação a nós mulheres.

De onde vieram os seus votos?
A princípio fiquei surpresa, pensei que fosse ter mais de 400 votos, pois trabalhei para isso. São pessoas que acreditaram no meu potencial, nas minhas ideias que tenho, pessoas que eu tenho relacionamento desde a última Eleição e da Igreja Videira, onde sou cristã evangélica e congrego. Na casa em que eu moro, de aluguel, tem um cômodo que cedemos para serem realizados os cultos. Quando a Igreja chegou a Uruaçu eu já participava, nas chamadas células, não fui para a Igreja por causa da política, o que se vê muito. Além da Videira, que tem um número expressivo de membros, têm as outras Igrejas e, eu falo que esses 390 votos que tive foi a mão de Deus mesmo, foi a provisão dele, um presente para minha vida. Estamos vivendo em uma sociedade onde o dinheiro compra tudo. Eu vi colegas que trabalharam bastante na política e na hora de receberem os resultados de seus trabalhos não tiveram votação muito boa. A maioria não foi eleita. Eu acho que foi Deus mesmo na minha vida esses votos. Por isso, volto a afirmar: a minha responsabilidade com essas pessoas é maior ainda, porque Deus usou essas pessoas para que pudessem não só votar em mim, mas pedir votos para que eu fosse eleita. Se Deus quiser, a partir de janeiro vamos fazer um trabalho parlamentar muito coerente e bonito, com a prefeita eleita [Solange Bertulino, do PMDB] também fazendo esse mesmo trabalho.

Comente sobre o seu trabalho assistencial.
Eu, desde adolescente, gostei de ajudar e, quando me tornei candidata pela primeira vez [2008], estava em uma das chapas proporcionais que apoiava o Lourencinho [atual prefeito de Uruaçu, pelo PP]. As pessoas que me procuravam tinham em mente: pelo fato de eu ter sido candidata e apoiado o Lourencinho, para mim as coisas seriam resolvidas com maior facilidade. Aí começaram a me procurar por causa de exames, consultas, medicamentos e comecei a peregrinação na porta da Secretaria [Municipal] da Saúde. O meu trabalho maior é na área da saúde, praticamente 100 por cento do trabalho. Não era e não é fácil, de forma alguma! Mas é coração, é amor, é gostar do que faz, porque se não gostar de ajudar as pessoas você não consegue ajudar e não faz nada para ninguém. O que eu faço é de coração, independente de ter um retorno ou não e, costumo falar para as pessoas que é um dever meu, como cristã e ser humana. A palavra de Deus diz que a pessoa que tem mais condição deve ajudar os menos favorecidos e, praticamente eu exerço a minha obrigação de cristã. É o que Deus espera de mim e, não tem como falar de outra forma.

É difícil e surgiram os conflitos?
Eu tive muitas dificuldades, não só por parte de alguns secretários municipais, mas por parte de outros servidores. Funcionários da Secretaria da Saúde, por exemplo! Estive na Câmara por duas vezes para usar a tribuna e falar o que estava acontecendo, porque tinham pessoas que me procuravam por causa, por exemplo, da realização de uma mamografia, pegando o caso de uma vizinha, que aguardava a mais de dois anos e não tinha conseguido realizar o exame. Inúmeras vezes que procurei a Secretaria da Saúde eu tive problemas, pois quando você começa a exigir das pessoas o que é proposto para elas, parece que os servidores não sentem vontade para com aquilo. Era eu chegar na Secretaria da Saúde e procurar um determinado funcionário para falar a respeito de algum exame, uma consulta e, ele me tratar com desrespeito, falta de educação e desinteresse. Eu fazia questão de deixar claro que ninguém estava ali fazendo serviço voluntário, até porque se você propõe fazer um serviço voluntário, tem que fazer bem feito, é uma disposição sua, ainda mais alguém que está sendo remunerado para aquele trabalho que está prestando. Tive muitos momentos de bate-boca, falando a verdade com a secretária [da Saúde] Magda [Melo] e outros funcionários. Chegaram ao ponto de deixar de olhar a necessidade da pessoa que eu estava acompanhando, tipo assim: Tudo que for da Maria das Neves aqui dentro da Secretaria da Saúde não é para fazer nada, desde um aas [ácido acetilsalicílico - medicamento utilizado para alívio dos sintomas de doenças como gripes, resfriados, outros tipos de infecções e, para prevenção do infarto do miocárdio, do derrame cerebral e outras doenças dos vasos sanguíneos]. Se for ela que trazer, da receita até o mais grave problema, não vai liberar [de fato, foram vários os embates, tanto que a entrevistada providenciou denunciar. A Secretaria tornou pública a informação de que não discrimina ninguém]...

...Muito difícil...
...Eu presenciei [...] casos de pacientes morrerem porque estavam esperando uma ultra-som [ultra-sonografia]. Teve um senhor [de] lá perto de casa - Seu Domingos. Morreu porque ele precisava fazer uma biópsia na próstata, a ultra-som já tinha comprovado que ele estava com câncer na próstata, que estava duas vezes maior que o normal. Quando resolveram fazer alguma coisa por ele, o mesmo morreu sem receber o atendimento. Na época um exame que custava quinhentos e poucos reais e deixaram ele morrer sem ser atendido, por negligência, por falta de amor ao próximo. Principalmente na área da Saúde Pública, as pessoas que forem trabalhar lá têm que ter sentimento pelo próximo, se não a coisa não anda [frisa-se novamente: a Secretaria tornou pública a informação de que não discrimina ninguém]...

...Se dedica muito ao segmento saúde, mas seu gabinete focará outros segmentos...
...Vou balancear e, eu não poderia e não conseguiria fugir da linha, a linha do social, a saúde... Só sei que o meu trabalho como vereadora vai além disso, pois vou atender todas as classes de Uruaçu: média, alta, baixa! Não tem como eu focar somente nas pessoas que me ajudaram a eleger, que são os menos favorecidos. Eu também preciso legislar para um todo, toda a cidade e, vou ter que me aprofundar para que eu possa desempenhar um trabalho bonito, num todo, não somente na classe que eu venho atuando até hoje. É para todo mundo!

Presidência da Câmara: tem sido procurada pelos colegas? Está no páreo?
Eu fui procurada por uns cincos dos eleitos pedindo apoio e, todas às vezes que me procuram falo em tom de brincadeira que deveriam ser cavalheiros, deixarem primeiro a dama [presidir], até porque a única mulher eleita sou eu, que falo nesse tom de brincadeira, mas penso assim: sou muito curiosa, quero sempre aprender mais, estou sempre buscando coisas novas para mim, seria um desafio muito interessante se eu me tornasse presidente da Câmara. Na verdade, eu não articulei nada ainda com ninguém, só ouvi as pessoas que vieram falar comigo. Todos nós queremos, eu não vou ser louca de dizer que não tenho interesse, eu tenho, apesar de ser um desafio muito grande. Eu interesso sim pela presidência e, acho que como presidente podemos fazer um trabalho mais amplo, porque vai ter mais autonomia para estar atuando na Câmara. É um caso a ser pensado e trabalhado sempre.

Existe comentário de que a senhora poderia quase de imediato assumir cargo na Prefeitura, abrindo vaga na Câmara para o suplente Professor Horbylon, presidente do PSB. É verdade?
Aconteceu conversação, rolaram inúmeros assuntos e esse também foi um deles. Acho que não seria justo comigo e nem com as pessoas que votaram em mim se eu tomasse essa atitude, ainda mais depois de tanto tempo a Câmara não voltando a ser representada só por homens, e, eu agora abrir mão da vaga, não sei qual cargo, às vezes até ganhar mais, porém pode não ser o ideal nesse momento. Talvez poderia me afastar da minha linha de atuação, de segmento em relação as pessoas que represento. Não tem nenhuma possibilidade disso acontecer não, não há possibilidade, mesmo porque, como disse no início da entrevista, eu estou poderosa, quero me dar esse direito de ser vereadora. Se eu quisesse um cargo só por salário, tudo bem, mas não é o caso. Se eu estivesse atuando na área em que me formei, poderia estar ganhando muito bem, pois sou formada em Técnica em Segurança do Trabalho - apesar de não ser a formação final, quero me formar em Assistência Social -, mas abri mão do meu trabalho para poder me candidatar e graças a Deus fui eleita. Não pretendo de forma alguma abrir mão desse direito que 390 eleitores me concederam. Quero ser diplomada, me tornar vereadora de fato, fazer muito bem feito o trabalho parlamentar, fazer um trabalho bonito para ficar marcada na cabeça de todos. Não quero ser vereadora de um mandato, vou trabalhar para que em cada Eleição eu ganhe mais, tanto em experiência, como em votação. Sei que posso sempre estar buscando mais e melhor para mim e a cidade onde eu moro, onde estou criando meus filhos e minha neta. Temos que colocar as coisas no lugar, não deixar a vaidade falar mais alto.

Como será sua atuação na Câmara em relação ao Poder Executivo?
Em Uruaçu, vereadores ainda não tomaram da situação sobre o que é ser vereador e como ser. Até em uma vez que usei a tribuna falei que em Uruaçu é normal um secretário ter voz ativa mais do que um vereador. Sou taxada de polêmica, às vezes as pessoas entenderão meu mandato como de uma pessoa polêmica, mas na verdade não é isso. Como vereadora, temos obrigações e, se tiver que falar mais alto, se tiver que indispor com alguém na Câmara para fazer o meu mandato eu vou fazer isso. Não vou representar só as pessoas que me elegeram, mas representar a cidade num todo. Meu gabinete, acho, vai ser um dos mais procurados, por causa da responsabilidade que as pessoas projetaram em mim, na minha assessoria. Eu quero estar muito certa das coisas que for fazer para estar dentro da legalidade, não quero agir de forma ilegal, ser pedra de tropeço para ninguém. Imaginando eu na Câmara, eu fui eleita em uma coligação que apoiou a prefeita eleita. Hoje estamos na mesma base, mas acredito que se em algum momento a prefeita chegar querendo que aprove alguma coisa e eu ver estar em desacordo com o que espero, busco, acredito e planejo, vou me indispor. O vereador tem que ser assim, não tem que baixar a cabeça e também não pode ser muito turrão, mas temos que sim estar sempre alertas e buscando entender, buscando mais para você não padecer depois com alguma coisa que você fez, sem às vezes saber o que estava fazendo.

Neste 2012, o PSB cresceu em Uruaçu, Goiás e no Brasil. Nas ‘Eleições/2014’, crescerá mais?
Acho que o PSB vai fazer um reboliço, causar explosão. Não sei se no Estado, no Brasil o PSB funciona como em Uruaçu. Como o Taroba [vereador eleito também pelo PSB em 2012] disse em entrevista ao Jornal Cidade, somos uma família e, realmente nós aqui em Uruaçu atuamos dentro do PSB como uma família. Se vocês participarem de nossas reuniões verão que falamos, brigamos, desabafamos, mas no final sempre se chega ao consenso e defendemos o interesse da gente. Na hora de defender vamos onde for para defender e, o PSB hoje em Goiás tem representatividade muito grande, temos o pré-candidato ao Governo de Goiás, o Júnior do Friboi, pessoa que é bem sucedida pessoalmente, tem várias empresas, representando sete vezes mais o que o Estado arrecada. Se conseguirmos eleger o nosso governador, que é o nosso objetivo depois das Eleições municipais, Goiás tem muito o que ganhar e o PSB tem um trabalho grandioso. Viemos para desbancar esses partidos que estão aí há muito tempo, para implantarmos novas e novas ideias, pessoas com cabeças sadias, para revolucionar. A sigla PSB representa mudança, revolução e trabalho, uma vez que somos todos focados nesse sentido.

Unida, a oposição pode ganhar da situação, ou seja, de Marconi Perillo (PSDB), que tende disputar a reeleição?
Acredito, até porque, pegando exemplo do PSDB, enquanto eles estão espalhando, nós estamos fazendo um trabalho de formiguinha, juntando. Na política precisamos ter união no grupo e desde que o Júnior entrou no PSB é o que ele tem feito. Quando ele assumiu a presidência de honra - pois só depois assumiu a vice-presidência, o Barbosa Neto é nosso presidente -, existia o PSB em apenas 30 e poucos Municípios. Meses depois, em mais de 120 cidades o PSB foi fundado e fortalecido. Hoje fazemos com que o PSB assuma cargos em grande parte de Goiás e no Brasil todo.

O setor Oeste, espécie de cidade dentro e Uruaçu, é gigante. Grandes também são os problemas? Quais são os mais graves?
Um dos maiores problemas é a saúde, mesmo porque é comum ouvirmos falar que o PSF [Posto de Saúde] da região fica sem médico, chegou a ficar oito meses sem médico. O atendimento é precário, haja vista ser uma Unidade para atender praticamente [o equivalente a] uma cidade, uma região que é bem grande, desenvolveu bastante, que, porém ainda não conta com os benefícios que o progresso traz. A região cresceu, mas as carências também cresceram em uma proporção muito grande. Hoje precisamos no setor Oeste de mais creches [Centros Municipais de Educação Infantil - CMEIs], Postos de Saúde, enfim, investimentos para várias áreas.

Na Câmara, vai atuar para tentar ajudar resolvê-los, claro!?!
...Converso com as pessoas e elas perguntam se irei conseguir pelo menos mais um Posto de Saúde para a nossa região e digo que o que eu puder fazer na Câmara para que isso aconteça vou fazer sim. Não resta nenhuma dúvida e uma da ideias que tive, conversando com a Solange: enquanto não for construído o Postinho lá no setor Oeste, Madre Paulina, uma das reivindicações mais gritantes, poderíamos fazer com que funcionasse [com mais estrutura] na Unidade 05 [Vila Primavera ll], como funcionam as Unidades 09 e 10, que é o [resultado também do] PSF Rural [situado na Vila Mandacaru e, que atende a comunidade rural]. Lá são dois médicos, dois dentistas, duas enfermeiras, grande quantidade de pessoas trata naquele Postinho, existe quantidade de funcionários maior para poder estar atendendo o pessoal da região. No setor Oeste há nenhuma dúvida: o que mais precisamos é na área da saúde, tanto é que já cheguei a ficar o dia todo por conta de uma pessoa só buscando, ou no Postinho, na Secretaria da Saúde, no Cais [Unidade Municipal de Pronto Atendimento, a UMPA, também chamada de Ambulatório 24 Horas - Centro de Assistência Integral à Saúde]. Um atendimento agendado para o dia seguinte cedo às vezes é dispensado no Postinho da nossa região, pois o dentista não atende devido não ter material de limpeza. São muitos os problemas e o que temos que resolver realmente em primeiro lugar é esse da saúde.

Mais alguma observação?
Agradecer ao Jornal Cidade pelo espaço, que é de grande valia para nós que fomos eleitos, pois após estivermos atuando poderemos levar ao conhecimento da sociedade os trabalhos que queremos desenvolver e aqui apresentados, além de novos trabalhos que surgirem com o passar de tempos vindouros. Vamos fazer, temos que trabalhar e divulgar para a sociedade, com a política tomando rumo diferente, rumo traçado antes de eu nascer. Precisamos mudar a cara da política, mudar a forma como a sociedade olha para nós políticos. Precisamos que as informações cheguem até as pessoas para que quando forem escolher o candidato para votar que não escolham por causa de um favor recebido, uma cesta básica. Que as pessoas olhem no que realmente a pessoa está focada, fazendo para que a cidade cresça, se desenvolvendo. Que a sociedade possa contar com a Saúde Pública, a Segurança, a Habitação, com empregos para esses jovens que estão entrando no mercado de trabalho. Precisamos do Jornal Cidade para que nossa voz e nossos planos possam valer. Acho que é o caminho mais rápido para que as informações sejam divulgadas, espalhadas pela cidade com amplitude maior, focando os fatos mais a fundo. Esse é o trabalho de vocês, que estão de parabéns.


Maria das Neves (em santinho): “Se conseguirmos eleger o nosso governador, que é o nosso objetivo depois das ‘Eleições’ municipais, Goiás tem muito o que ganhar e o PSB tem um trabalho grandioso. Viemos para desbancar esses partidos que estão aí há muito tempo, para implantarmos novas e novas ideias, pessoas com cabeças ‘sadias’, para revolucionar”


Maria das Neves comenta deficiências e defende providências
Nesta submatéria, a vereadora eleita por Uruaçu, Maria das Neves (PSB), registra comentários sobre várias deficiências existentes no setor Oeste, reduto da cidade que agrupa mais de dez bairros e que conta com quase 10 mil habitantes. É parte integrante da entrevista concedida pela mesma na Redação em 29 de outubro (veja a reportagem principal acima), dentro da rodada de entrevistas idealizada junto aos 13 edis uruaçuenses vitoriosos em 7 de outubro. As entrevistas estão sendo veiculadas pelo Jornal Cidade no link Regionais e no Blog do JORNAL CIDADE/Personalidades.
Líder comunitária na citada região, Maria das Neves é presidente da Associação dos Moradores do Setor Oeste (Asmoeste). Na medida em que o periódico foi citando os segmentos e as iniciativas, a entrevistada não hesitou em responder, sempre com o seu jeito espontâneo e a sua maneira simples, mas abrangente de comentar todos os fatos que são expostos à mesma. Leia e indique.


Vereadora eleita Maria das Neves (com o esposo Eduardo Costa Silva, na recepção do JC): focalização na carência de pavimentação asfáltica (asfalto novo, tapa-buraco e recapeamento); no perigo da travessia da rodovia BR-153, pois existe apenas um surrado túnel; a necessidade de implantação de unidades de ensino, além dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) mencionados na matéria central; na precisão da implantação de estruturas esportivas e de demais investimentos esportivos; na falta de investimentos no meio ambiente, até mesmo unindo tal procedimento a edificação de praças e de um parque; na urgência de se investir e beneficiar Uruaçu por inteiro, contabilizando as zonas rural e urbana

Pavimentação asfáltica
Nas vilas Primavera I e II têm ruas que ficaram sem asfalto, encheram a população de esperança que agora ia ser asfaltado, mas não aconteceu. A necessidade vista em algumas ruas é de recapeamento mesmo, pois temos asfalto danificado demais, é da época do Luiz Pauferro [Administração 1989-1992]. Precisamos não só de asfalto, mas de quebra-molas [redutores de velocidade], de iluminação. Acontecem acidentes por causa da iluminação deficiente. Mas o asfalto, eu acho, é de primeira necessidade. A questão do esgoto [rede coletora] vai mais além e, por exemplo: na rua em que moro já tem a rede de esgoto, é feita a coleta e o tratamento, só que pagamos um valor absurdo por esse trabalho.

Travessia da BR-153
A preocupação nossa, do setor Oeste, também se estende a travessia da BR. Para termos acesso ao Centro, atravessamos a BR. Quem mora lá na Primavera II - e eu moro lá no final -, para subir, ir ao viaduto, fica difícil, longe. É preciso construir outro viaduto e acho que seria melhor que construir passarela. Passarela serve só para o pedestre. Ali onde está sendo construída a sede da concessionária [...] acho que as autoridades, nós que fomos eleitos, a prefeita [Solange Bertulino, do PMDB], a sociedade em um todo, podíamos se mobilizar e tentar para que isso seja feito o mais rápido, junto ao DNIT [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes]. A cidade começa a crescer para aquele lado, vai ter um fluxo maior naquela região e, para que não percamos mais amigos, mães perdendo filhos que morrem quando vão atravessar a BR, todos os acidentes que acontecem lá são fatais, para que não percamos mais vidas naquela travessia, que possamos buscar junto ao DNIT a construção de um viaduto naquela região para fazer essa ligação do Centro ao setor Oeste. Precisamos ir atrás dessa obra o mais rápido, para que quando obras ali ficarem prontas, o viaduto também possa ser construído para que as pessoas tenham mais facilidade e, até mesmo o pessoal do setor Madre Paulina, Parque Paraíso, para que todas possam atravessar. É difícil para irem lá ao viaduto e atravessar.

Unidades de ensino
Precisamos desenvolver trabalhos nas escolas. Mães reclamam sobre goteiras, cadeiras estragadas, merenda que para muitos alunos é a refeição do dia... Nessa área, além de oferecer serviços educacionais de qualidade existe, da minha parte, a preocupação de dar suporte para que os professores possam ministrar as aulas com um pouco mais de conforto na sala de aula e para que os alunos possam ter um ambiente melhor para aprenderem. De barriga vazia, sem condições, é difícil aprender. Não é somente melhorar o salário do professor - que eu acho que tem que ser melhorado sim -, tem que garantir o piso salarial para o professor. É uma lei e tem que ser cumprida. Se foi criada essa lei, para o piso salarial, temos que obedecer e, além de garantir bom salário para o professor temos que garantir condições de trabalho, pois se ele tiver condições vai trabalhar bem, com o aluno aprendendo mais com isso. Todo mundo ganha, a nossa vida começa com a educação que recebemos na escola, mas se não tivermos esse princípio básico tudo vai mal.

Esporte
Na questão do esporte, temos o campo chamado Caldeirão do Diabo e, é um sonho antigo dos atletas que o usam poderem disputar as partidas de futebol, brincar aquela pelada no fim de tarde, gramar, estruturar o espaço. Isso também é um projeto meu, pedindo para gramar aquele campo e torná-lo um lugar agradável. Quando a pessoa for, levar o filho, a mulher, para assistirem a partida. Não sou muito de frequentar estádios, mas sou defensora do esporte. O terreno do Caldeirão foi uma doação do Município, a doação foi feita para fazer o campo. Eu sei que o esporte funciona como medida preventiva para várias coisas, você tira as crianças das ruas, da marginalidade, das drogas. A bebida, a droga e o esporte não podem caminhar juntos. Temos que não só gramar o Caldeirão, mas conseguirmos um ginásio para o setor Oeste, que seria de grande importância. Podemos até usar esses recursos do governo federal, se for o caso aplicar ali investimentos do programa Segundo Tempo.

Meio ambiente
Não só estranho certas atitudes vistas em Uruaçu envolvendo o meio ambiente, como considero vergonhoso no mundo em que vivemos e, a preocupação com o meio ambiente, a conservação do meio ambiente, são tamanhas. Existe uma praça no setor Oeste, mas eu vi essa praça ser cuidada - durante esses quatro anos -, somente agora, no período eleitoral e, até brinquei que agora teríamos uma praça arrumada e bonita, porque não acontecia isso. Não só tenho essa preocupação, como eu procurei me informar em relação à construção de uma nova praça. Temos uma área destinada à praça - até foi a área que gerou uma polêmica muito grande quando eu estive pela primeira vez na Câmara Municipal para usar a tribuna -, que estava sendo loteada e eu entrei com unhas e dentes para que isso não acontecesse. Acho que se em cada setor tiver alguém que luta pelo espaço que tem ali para ser usado pela comunidade, as coisas vão melhorar bastante. Lá na minha área eu, falo com certeza, não aceitei mesmo! Fui atrás, no juiz [Poder Judiciário], promotor [Ministério Público - MP], peguei certidão do terreno e apresentei uma proposta para ser construída uma praça lá. Na época, dei ideia para o Lourenço [Lourencinho, prefeito uruaçuense pelo PP] colocar o nome da mãe dele [Ivone Cândida Pereira] na praça, porque tem muitas pessoas que se lembram da Dona Ivone como uma pessoa que ajudou bastante. Era uma forma também de estar tornando ela imortal. Nem assim o prefeito se interessou em construir a praça. Temos a área hoje, não tem lugar para as crianças brincarem, lugar para as pessoas fazerem caminhadas. Lá no córrego da Biquinha - eu não vou falar que tenho projeto documentado, porque isso é uma ideia, vontade que tenho, mas vou criar, montar o projeto direitinho -, vou atrás dos recursos para poder criar um parque lá sim. É uma forma de valorizar o setor Oeste e aproveitar aquela nascente lá, que, inclusive, temos que cuidar.

Beneficiar a cidade toda
A cidade num todo, acho que todos os setores, representam muitos problemas e, precisamos olhar por eles. No setor Sul II não tem creche [CMEI], tem uma escola lá que faz vergonha, vemos as condições em que a escola está na vila Vasconcelos [Escola Municipal João de Jesus Antunes]. Quando o usuário precisa de um Postinho [Posto de Saúde] tem que atravessar a avenida para ser atendido em um Posto próximo à rodoviária [Unidade 04, que se localiza na rua 500]. Precisamos de um projeto que leve para lá um Posto de Saúde, uma creche, lá tem espaço para ser construída uma quadra, um ginásio, tem muita coisa para ser feita. No setor Santa Helena, que muitas pessoas conhecem como Lixão - e eu não acho uma forma legal de se expressar, referir a um setor -, a carência é muito grande, o pessoal de lá está ficando sem água por causa de política. Onde está a cabeça dessas pessoas que administram a cidade, o dinheiro da população? A água não chegou ao setor Santa Helena por causa de política, pois o governador [de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB] mandou. Ele [governador] precisa de alguém que representa. Se não deixarmos a vaidade e começar a olhar as dificuldades das comunidades, as carências, vamos fazer muita coisa. Têm coisas a ser feita e existem muitos recursos para podermos fazer com que essas obras aconteçam. São tantas pessoas responsáveis e elas conseguiram fazer com que a cidade ficasse muitos dias de diferentes semanas sem uma gota de água na torneira, comprando água mineral. Quem são essas pessoas que estão lá para administrar a Saneago [Saneamento de Goiás S/A]? Por que não criaram um plano de emergência? Hoje temos que trabalhar com a prevenção, isso não foi feito. Moramos em uma cidade que tem o segundo maior lago do mundo [lago Serra da Mesa] e estamos aí praticamente a ver navios encalhados. Não tem água para servir a população [com serviço de qualidade] e isso é falta de cuidado da Administração, porque se fosse uma Administração séria, voltada para a sociedade, hoje não estaríamos padecendo com isso e, o pior é que quem tem o poço no quintal paga uma taxa altíssima para mantê-lo funcionando. Se tivéssemos entupido as cisternas o que íamos fazer? Fazer procissão para ver se viria água, igual na novela Gabriela [exibida pela Rede Globo]. É uma vergonha.
Nota da Redação: a Saneago se manifestou, externando que implantaria serviços emergenciais, o que aconteceu em parte, mas o problema persiste (conforme já publicou este periódico). Em se tratando de Prefeitura de Uruaçu, nenhum esclarecimento oficial foi praticado. Autoridades e personalidades aliadas do Governo de Goiás também não se manifestaram oficialmente. De fato, é vergonhosa a situação

Zona rural
Quero dizer para todos os moradores da zona rural que vocês podem contar de todo coração com esta representante. Não só uma representante na Câmara, mas de raiz mesmo, porque eu sou nascida e fui criada em Urualina [Povoado uruaçuense], eu quero fazer o máximo que puder para essas pessoas que moram na região rural. São elas que colocam na nossa mesa o alimento que consumimos, se nós não oferecermos condições mínimas, básicas para as mesmas trabalharem vai faltar alimento na nossa mesa. Os camponeses são responsáveis pela qualidade de alimento na nossa mesa. O que precisamos fazer? Uma das preocupações, necessidades maiores do pessoal da zona rural é a questão das estradas. Vou falar a verdade e vou fazer questão: quando for uma máquina para determinada região vou junto - até já conversei com o pessoal da zona rural -, e vou começar a almoçar na casa da família do campo, que são muitos receptivos. Têm certas regiões que precisam e se necessário for vou até dormir, porque vamos levar a máquina fotográfica, vou ficar no da prefeita, vou fazer a minha parte, fazer o que for do meu alcance, como pessoa nascida e criada na região, na zona rural. Além disso, eu tenho preocupação com a facilidade dessas pessoas, porque não é só isso: o ônibus que busca e leva o aluno para a Escola passa por aquelas estradas e, é um absurdo, tendo estradas que foram patroladas a máquina da época do prefeito Luiz Pauferro. Andei em toda região rural e, é uma coisa vergonhosa: tantos prefeitos passaram e deixaram aquelas pessoas como se fossem índios, que vivessem lá no meio da mata e não dependesse da cidade. Temos sim que ter um olhar atencioso para essa região e, podem contar comigo famílias do campo, pois vocês têm uma voz lá dentro da Câmara e, vou brigar pelos direitos de vocês como se eu estivesse brigando por mim mesma. Eu vou brigar, vou atrás de recursos e o que eu puder ajudar as Associações de pequenos agricultores, assim farei. Vamos atrás de parceiros para conseguirmos benefícios. Podem me procurar e quem não me encontrar na minha casa, vá no meu gabinete. Se eu não estiver, me ligue que vamos dar um jeito. Vamos fazer a zona rural dar um salto nesses quatro anos.

Uruaçu 23/11/12 (com ajustes técnicos) - (Jota Marcelo e Márcia Cristina -
Jornal Cidade [postagem original]). Nota da Redação: esta entrevista está postada no site do Jornal Cidade, www.jotacidade.com/Regionais. Outras informações: coluna Agenda Política, do referido site. Postagem: Marcello Dantas

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