quarta-feira, 6 de abril de 2016

Em ‘Encontro Regional’, PT dialoga com as bases [Na submatéria, entrevista com Catarino Silva, prefeito de Trombas-GO



Filiados do Partido dos Trabalhadores de Uruaçu, das regiões Norte, Nordeste e do Vale do São Patrício participaram em 3 de abril de mais um Encontro Regional do Norte do PT, realizado no plenário da Câmara de Vereadores uruaçuense.
Na oportunidade, foram tratados temas relacionados aos cenários nacional, estadual, regionais e das municipalidades. Nos últimos tempos, foi o Encontro petista de maior proporção.
Autoridades petistas, como Rubens Otoni (deputado federal), Catarino Silva (prefeito de Trombas-GO), um vice-prefeito, vereadores e secretários municipais discursaram, todos defendendo a sigla e o crescimento da mesma.
Também presentes, personalidades da sigla – Antonio Gomide (ex-prefeito de Anápolis); Antônio Macário, coordenador do evento e que esclareceu: o PT não selará união com o PP, o Democratas e o PSDB em hipótese alguma nas eleições 2016; Katia Maria, vice-presidente do diretório estadual e, que orientou sobre novidades relacionadas a campanha eleitoral deste ano; Criz Abreu, secretária estadual de Juventude; Professor Alan Kardec; e, Inocêncio Borges. Mais lideranças classistas, simpatizantes e populares.
Prefeita de Uruaçu pelo PMDB, Solange Bertulino participou do início dos trabalhos e ao fazer uso da palavra, esclareceu que fazia questão de ali estar, face as parcerias praticadas com o aliado Otoni e os dois vereadores do PT locais (abaixo identificados). “Muito! Muito fizemos com apoio da presidente da República, Dilma Rousseff, do PT, através de emendas do deputado Rubens Otoni”, comentou, agradecendo. “Lugar de mulher também é na política”, estimulou a prefeita, para a ala feminina presente, pedindo que as mesmas ocupem espaços através das urnas.
Vereadores anfitriões, Zorão (presidente da Câmara) e Jairo Balbino ajudaram na organização do evento, enaltecendo as presenças e pregando que o acontecimento era oportuno. Entre outros petistas anfitriões, estavam Roberto Robson, sócio-administrador da Nature Poços Artesianos, amigo fiel de Otoni há quase três décadas; vereadoriáveis; veteranos e novos filiados.
O PT de Uruaçu tem Zorão como prefeitável (ele admitiu esse fato no discurso), da mesma forma Roberto Robson, com a paz reinando dentro do partido na cidade do Norte goiano. Zorão costuma evidenciar a parceria administrativa entre o PT e o PMDB uruaçuenses, especificando que as duas partes sabem separar a gestão (de Solange) com a política partidária. “Por isso é que existe uma parceria para buscarmos recursos para nossa cidade”, salientou o vereador à reportagem e, que no evento discursou: “Essa parceria tem respaldo e o deputado Rubens Otoni nunca vem à Uruaçu de mãos ‘vazias’. Ele acaba de colocar emenda de R$300 mil para compra de equipamentos para a UPA [Unidade de Pronto Atendimento {UPA 24h}]”.
Jairo Balbino destacou que o PT sofre perseguição, porém sairá mais fortalecido com os desdobramentos nacionais e as eleições 2016, especialmente com os movimentos sociais defendendo o partido.
Em entrevista ao Jornal Cidade, Catarino Silva expôs que o Encontro une mais e motiva a militância, esclarece dúvidas e fortalece o PT (leia entrevista mais abaixo).

Otoni
Falando sobre a série de 13 Encontros no período de dois meses, Rubens Otoni sublinhou que a militância atende ao convite da direção estadual e, essa proximidade maior é positiva, ainda mais englobando 100% das regiões de Goiás. Ao regionalizar as atividades o debate é descentralizado, com todos podendo participar da discussão dos temas. Segundo o congressista, além de preparar o partido e os pré-candidatos para o pleito eleitoral, orientá-los sobre a lei eleitoral, quanto a alianças políticas e formação de chapas competitivas para cargos majoritárias e proporcionais, falar sobre o momento político nacional também é essencial.
Por detrás do discurso de combate a corrupção, existe a tentativa de golpe na democracia brasileira. Assim avalia Otoni sobre questões envolvendo o processo de impeachment enfrentado por Dilma, criticando enfaticamente, mas com respeito, a oposição e a TV Globo. “Não levem em consideração o que apresenta o ‘Jornal Nacional’ [jornalístico global]. Acompanhem as informações através de outras opções”, cutucou. Para ele, a oposição perdeu a disputa em 2014 e a paciência de praticar o “jogo democrático”. “A oposição achou por bem não esperar 2018 para disputar as eleições”, opinou. “Estamos aqui para ajudar esclarecer que por trás de um discurso fácil existe um interesse maior de chegar ao poder a todo custo e isso não podemos aceitar”, disse.

Vozes das caravanas
De cada cidade participante, no mínimo um petista se manifestou ao microfone. Entre os pronunciamentos, constaram esses (somando o que o leitor já viu de explanações):
-Rubens Otoni: “Chegamos até aqui porque sempre lutamos. Desde a criação do Partido dos Trabalhadores. Então, não devemos desanimar. Pelo contrário: vamos nos fortalecer, apesar do momento que estamos vivendo”. Ele narrou que cada petista representa muito e que quanto mais nomes forem eleitos em 2016, mais solidificada ficará o a agremiação.
-Presidente Zorão, por Uruaçu: além do já informado, se expondo contra a chamada tentativa de golpe, antecipou que, a exemplo de outros colegas, está preparado para o embate. Mais que o já listado, Jairo Balbino reclamou não ter lógica o fato de Antônio Gomide não ter sido chamado para atuar no governo federal.
-Presidente Renato Ribeiro (de Amaralina, classificando como “inveja” a tentativa de afastar Dilma e, esclarecendo que quatro nomes tendem concorrer a vereador).
-Nome admirado no PT e atuando em Anápolis, Antônio Gomide assinalou: “Estamos fazendo uma política verdadeira”, pedindo diálogo, vigilância e enxergando, ainda mais, que compor as Câmaras de Vereadores e as Prefeituras é fundamental para a democracia e o fortalecimento maior do PT.
-Bonópolis: Aurissandra de Almeida Gomes é a presidente, com o vereador Deocleciano Araújo de Lira discursando e informando ser o prefeitável. Ao JC, ele disse após o evento que as conversações resultam em forte frente política com cerca de dez siglas, inclusive contando com o peso de Valdeir Feitosa, prefeito no mandato 2009-2012, de movimento sociais e lideranças comunitárias.
-Presidente Agenor Costa e Silva (Minaçu). Memorizando que o PT nunca teve vereador na cidade, adiantou: “Hoje o cenário é bom. Estamos bem organizados e, sendo chamados para compor chapa majoritária”.
-De Niquelândia, o presidente Eduardo Salgado criticou a tentativa de golpe; contabilizou ter chapa completa para vereador, com quatro mulheres; e, sugeriu que todos trabalhem para o PT eleger o próximo governador de Goiás, em 2018.
-Porangatu: a presidente Vildete Larceda opinou que a presidente Dilma não recua facilmente; e, que o PMDB (detentor local do mandato 2013-2016) não abriu oportunidades para o PT, que tem Galeno Guimarães como vice-prefeito e, que o intuito é lançar candidatura. Também falou Galeno, que não crê na saída de Dilma e que acredita na volta de Lula, em 2018, para comandar o Brasil. Ele comentou: o prefeitável pode ser o vereador José Uilton, que exclamou ao JC ser viável para ele concorrer à Prefeitura, pois está difícil conciliar a função de vereador com a de funcionário do Banco do Brasil, atuando em Brasília. Na vez de José Uilton, ele cravou que “política é um sacerdócio” e, dá-lhe críticas sobre a atual gestão porangatuense – vaticinando: “Eronildo Valadares não se reelege”; e, perante a oposição nacional (“Dilma fica. Lula volta”).
-São Luiz do Norte: a presidente Elisiane Conceição Silva explanou que diante da crise nacional pela qual passa o PT, convém evitar certos comentários e permanecer trabalhando. “Viemos das ‘cinzas’”. Comunicando que o PT cresce na cidade, anunciou entre três e quatro vereadoriáveis (“fora os indecisos, que não sabem ainda, ao certo, se vão candidatar”) e, que o atual prefeito, Jacob Ferreira (do PMDB, pré-candidato à reeleição), manifesta desejo de selar união com os petistas.
-De Trombas, pronunciou a presidente Maria de Jesus. Da mesma forma que Catarino, informou que o partido tem bons nomes para concorrerem a prefeito (além de aliado de outra sigla) e a vereador.
-Centralizado na capital Goiânia, Inocêncio Borges foi taxativo: se Dilma não cometeu crime jurídico, é golpe o que querem os oponentes. Assessor de Rubens Otoni, Otacílio Teixeira pediu união, trabalho e o estímulo “vamos nos encontrando”.

 Encontro Regional do Norte do PT: discussão de temas nacionais e, assuntos partidários relacionados às eleições 2016 e 2018 – Fotos: Márcia Cristina/Jota Marcelo

 Anfitrião Zorão, presidente do PT uruaçuense, afirmou ser pré-candidato a prefeito, focou paz e enalteceu benefícios que o governo federal tem destinado a Uruaçu

Evento atraiu a militância de várias cidades

Rubens Otoni: saldos de participação e conteúdo dos debates dos Encontros são positivos

Roberto Robson: outro nome do PT para se candidatar a prefeito de Uruaçu

Antônio Gomide: “Estamos fazendo uma política verdadeira”
 
Catarino Silva, prefeito de Trombas, opina que mobilizar o partido resulta em pontos positivos

Pré-candidato a prefeito de Trombas, Cristiano Teixeira se fez presente

Igualmente da comitiva de Trombas, Pollyana Narciso (esq.]) e Maria dos Correios, também prefeitáveis da histórica cidade. Sinésio Carlos (PHS) é mais um prefeitável da frente partidária liderada por Catarino Silva

Bonópolis: hoje vereador, Deocleciano Araújo de Lira é o nome do PT para concorrer ao cargo de prefeito, com grande ala partidária

Eduardo Salgado (Niquelândia), entre Catarino Silva e Criz Abreu (secretária estadual de Juventude)

Galeno Guimarães, vice-prefeito de Porangatu, conclama militância para não desistir dos propósitos da sigla. Katia Maria, vice-presidente do diretório estadual, fez orientações burocráticas abordando registros de candidaturas

José Uilton, presidente da Câmara de Vereadores de Porangatu: disposto para disputar Prefeitura

Petistas da cidade de Amaralina, durante o evento

Vereadores uruaçuenses Zorão e Jairo e, Antônio Gomide: defesa do partido

 Autoridades, personalidades, lideranças classistas e militantes em Uruaçu: PT unido e nas disputas 2016 e 2018. Leia, abaixo, entrevista com Catarino Silva, prefeito de Trombas

ENTREVISTA – Catarino Silva, prefeito de Trombas

‘Sou pré-candidato a deputado federal’

Catarino Silva considera que Encontros são positivos, mobilizando, unindo, fortalecendo o Partido dos Trabalhadores

De Catarino Silva (na foto durante Encontro Regional/2014) em Uruaçu: “Sou pré-candidato a deputado federal. Já estamos fazendo trabalho nesse sentido”

Participante dia 3 de abril do Encontro Regional do Norte do PT, promovido em Uruaçu, Catarino Silva, prefeito de Trombas-GO, afirma que a iniciativa é positiva, pois mobiliza, une e fortifica mais a militância, destacando que “o partido tem que 'sair' de casa e ‘ir’ para as ruas, os Encontros’”. Opinando que se prega um ódio contra o partido, ele pontua: “O povo generaliza a corrupção por estar em um governo do PT, mas não que o PT seja mais corrupto que os outros partidos”. Comunicando ser pré-candidato a deputado federal, comenta: “Já estamos fazendo trabalho nesse sentido. Assim que sobra tempo a gente costuma participar de reuniões, em diferentes grupos”.

Defensor da agricultura familiar, assinala: “O Norte de Goiás tem mais de 50 mil agricultores familiares. É muito forte, é um potencial a ser explorado, mas não existe política pública hoje”. Visionário, sugere a criação da “Universidade Federal do Norte de Goiás, com direção própria, com recursos próprios, para que possamos abranger outros cursos”, deixando a pergunta: “Assim como tem a Universidade Federal do Oeste da Bahia [UFOB], por que não a do Norte de Goiás?”.

Leia a entrevista.

Fale sobre a importância de mais um Encontro.
O país vive um momento muito difícil, em que se prega um ódio contra nosso partido e nossas principais lideranças. O partido tem que sair de casa e ir para as ruas, os Encontros. O que tem acontecido ultimamente? Muitos imaginavam que o PT estava morto após as denúncias que citam algumas personalidades do nosso partido, mas o PT é muito maior do que qualquer nome que esteja filiado na sigla. Por isso que o PT nas pequenas e médias cidades tem que ir para as ruas mostrar seu projeto e seus avanços sociais conseguidos a partir de 2003, com a posse do então presidente Lula. O povo, assim, entende: nós não podemos ir na onda de parte da mídia que quer deturpar a mente das pessoas. Chamamos de mídia golpista e, eu não acredito que isso irá derrubar o nosso projeto, tanto é que estamos bastante animados, o partido em Goiás, pelo contrário, aumentou as filiações. Não só em Goiás, mas no Brasil, mesmo com toda crise de mais de dois anos de embate midiático contra nossa sigla. Nós subimos, em nível de Brasil, com muito mais filiados.

Também serve para um envolvimento maior...
...Exatamente! Eu acho que se o PT quiser almejar algum dia ter o Governo de Goiás, ter senadores, ter mais representantes na Câmara Federal, mais deputados estaduais, deve começar pelas eleições municipais. Nas cidades é que têm as bases. Nós não podemos pensar no PT enquanto capital ou por região metropolitana, temos que pensar o PT onde tem votos e em qualquer lugar tem voto. Penso o seguinte: é lançar candidatura própria onde tiver chance, onde não tiver que se marque ponto para a próxima eleição e eleger vereadores em todos os municípios. Esse número de 17 prefeitos, eleitos em 2012, acho pouco. Vejo que Goiás tem que pensar em 30, 40, 50 prefeitos, para quando vier o nosso candidato a governador ele ter base, onde se sustentar. Nós elegemos muitos vereadores e vice-prefeitos afora. Espero nisso que se faça um preparo agora e para a eleição de 2018.

Os problemas existem. O PT andará de maneira diferente?
Com certeza e, o PT tem que voltar, de fato, para as bases, onde nós somos criados: nas ruas. Não fomos criados em gabinetes. O povo generaliza a corrupção por estar em um governo do PT, mas não que o PT seja mais corrupto que os outros partidos. Se pegar no ranking de partidos mais corruptos nós estamos em sexto, o mais corrupto é o Democratas, o  segundo é o PP, o terceiro é o PMDB, o quarto é o PSDB, o quinto é o PTB. O PT vai para o sexto, no ranking dos partidos com maior número de pessoas envolvidas em corrupção. Existe essa generalização porque o PT está no governo central, mas o que nós estamos fazendo é passar o Brasil a limpo, doa a quem doer. É a primeira vez que se vê empresários na cadeia, políticos de grandes nomes na cadeia. O que se fez foi descobrir. Não que a corrupção foi inventada agora.

Dilma permanecerá no cargo de presidente até 31 de dezembro de 2018?
Eu não tenho nenhuma dúvida disso, porque há um tempo de reflexão. Deputados estão repensando. O que seria o que chamamos de golpe – que é um golpe neste momento –, seria uma crise generalizada, às vezes, sem alarde, provocaria uma guerra civil neste país. Isso é porque o PT a maior presidente eleita democraticamente. Sem nenhuma base jurídica, é um golpe. Nós vivemos o maior período de democracia da República, que são 30 anos. Estamos começando amadurecer a democracia agora, creio que as instituições estão sólidas e o golpe não vai acontecer. Tanto que Congresso Nacional não permitirá e, também juridicamente não há base. Se derrubarem a gente, o Supremo Tribunal Federal [STF], a suprema Corte desse país que zela por cumprir a Constituição, eu tenho certeza, não deixará que o golpe prevaleça e aconteça em nosso país.

Adriana Accorsi ser a prefeitável do PT em Goiânia lhe agrada?
Um excelente quadro! Adriana Accorsi tem no seu DNA a política, haja vista ser filha de um dos melhores prefeitos da história de Goiânia, nosso querido e saudoso professor Darci Accorsi. Nós temos conversado muito, eu já venho pregando o nome dela há tempos e até que enfim tomaram uma decisão sábia, justa. É uma mulher simpática, tem uma simpatia natural, que já trabalhou muito, é séria, correta e, eu tenho certeza absoluta: Adriana, no segundo turno, será prefeita de Goiânia.

Trombas: sua ala política já decidiu quem concorrerá a prefeito?
Ainda não, porque o PT tem três pré-candidatos, graças a Deus! Ruim é quando não tem nenhum que quer. Hoje é o contrário: nós temos quatro pré-candidatos, somando um aliado, do PHS, que é o Sinésio Carlos [de Oliveira] [comerciante, empreendedor rural]. Os três do Partido dos Trabalhadores são a Pollyana Narciso [da Silva], o Cristiano [Maciel] Teixeira [comerciante] e a Maria dos Correios [Maria de Jesus Gomes Silva]. O PT tem duas mulheres pré-candidatas e um homem pré-candidato. Acho importantíssima a participação das mulheres. Até então estava restrito e, hoje, pelo contrário, a cidade tem duas pré-candidatas, com chances reais de se tornarem candidatas, além de várias candidatas a vereadora. Nós, graças a Deus, fizemos um trabalho ao longo dos anos de não esquecer a ala feminina na política. Isso é importantíssimo.

Quais são as siglas aliadas? Outro podem se integrar?
Nós estamos em uma intensa negociação. O PT, PHS, PSB, PMDB deverão em Trombas compor a mesma base, além de outras siglas que estamos trabalhando. Sete, oito siglas até as convenções.

Como está o trabalho para a formação da futura chapa de vereadoriáveis do PT?
Chapa fechada, 18 nomes. 18 é o que a lei permite. As outras siglas também têm bons nomes e lançarão candidatos. Todos são e serão bem-vindos. Que seja uma ou mais futuras coligações proporcionais, nosso trabalho também é bem feito, sempre respeitando a todos.

É de conhecimento público a sua pretensão de se candidatar a deputado federal em 2018. Comente.
Eu tenho conversado muito com os aliados companheiros – acredito no nosso partido –, da necessidade de expandir candidaturas em todas as regiões de Goiás, pois há muito tempo estamos vindo patinando em um e dois deputados federais. Tínhamos dois, caiu para um [Rubens Otoni]. Acho que nós temos que crescer e caminhar para frente. Como está, considero ser pouco para Goiás, é pouco pela história de Goiás. Devemos avançar, lançar um candidato por cada região, além dos candidatos que naturalmente são da região metropolitana, centro de Goiás. Se lançarmos 34 candidatos, que é o que a lei permite, que é o dobro da bancada goiana no Congresso – 17 –, acredito e tenho convicção que nós faremos de quatro a cinco deputados federais. Aí sim, não precisaríamos ficar na mão de aliados, daqueles que fazem chantagem conosco, porque iríamos eleger quatro, cinco deputados federais fiéis na base do presidente da República que será eleito no futuro. Eu acredito que será nosso querido presidente Lula.

O senhor é pré-candidato a deputado federal?
Sim, eu sou pré-candidato a deputado federal. Nós já estamos fazendo trabalho nesse sentido. Assim que sobra tempo a gente costuma participar de reuniões, em diferentes grupos. Evangélico que sou, convivo bem com todos. A gente tem o segmento evangélico, que apostou nessa ideia e eu acredito muito que irá acompanhar a gente. Creio no voto classista, eu sou policial militar [licenciado], acredito muito nessa classe, que é carente de um representante na Câmara Federal para representá-los e representar a gente. Nós na Câmara Federal significa mais um lá, é mais um de nós em Brasília, não é eleger um para nos representar, pois eu estaria lá me representando também, representando como evangélico também. Mais um congressista lá. Isso não quer dizer que não queremos apoio de outras classes. Queremos e precisamos! Tenho grande amizade no meio católico, enfim em todas as religiões. Vamos entrar em todos os setores que, por ventura, queiram ouvir nosso projeto e os seus detalhamentos. É um projeto audacioso, sei disso! Eu vim de uma cidade pequena, uma currutela – dizemos assim –, com 3 mil habitantes, mas que é conhecida em âmbito nacional. É a nossa querida Trombas. Por que agora – que as coisas avançaram, hoje temos a mídia para informar, os meios de comunicação, as redes sociais, tudo facilitado –, nós não podemos pensar a partir de Trombas, quem sabe, ter um deputado federal na Câmara Federal para representar todo o Estado?

O trabalho já consiste também em buscar apoios nas outras regiões?
Com certeza absoluta! Outra coisa – um dado que eu tenho: de todas as cidades pequenas, 30% a 40% delas estão no Entorno de Goiânia, na região metropolitana. Nós temos catalogado: de Trombas, têm quinhentas famílias morando em Goiânia. Esse eleitorado tende votar também nos candidatos da região Norte. Acredito nisso. Qualquer cidade que você pegar do Norte, se tivermos um vínculo com ela, automaticamente teremos um vínculo com a região metropolitana de Goiânia. Tanto quanto em relação à região metropolitana do Entorno de Brasília, porque nelas têm famílias de Trombas e do Norte goiano. Nós temos e buscaremos muito mais apoios no Entorno de Brasília, na região metropolitana de Goiânia e em todo o Estado de Goiás. Não é só questão de apoios do Norte, Nordeste goianos em si. E, certamente, candidatos que têm votos aqui –, não será um só candidato a deputado federal –, almejarão outros cargos maiores, ou nem sairão candidatos mais. Abre essa lacuna e podemos apostar nisso, pois a densidade eleitoral do Norte dá sim para eleger deputados estaduais e deputados federais.

Nunca é demais relembrar: o Norte goiano precisa ter mais deputados estaduais. Votos existem de sobra para isso...
...Tanto é que já saiu de Trombas um deputado estadual: José Porfírio foi eleito por Trombas, foi votado em todos os municípios de Goiás, época em que Goiás não havia sido dividido para criação do Tocantins. Foi bem votado e eleito em um tempo que a comunicação era extremamente difícil e em Estado territorialmente ainda maior do que é hoje. Uruaçu também já teve seu deputado [Manoel Mota, na 10ª Legislatura, 1983-1987] e outras cidades, como Porangatu, Niquelândia e Minaçu, também.
Nota da Redação: líder camponês, José Porfírio de Souza esteve à frente de um grupo de posseiros que viviam em terras devolutas, na segunda metade da década de 1950; foi o primeiro parlamentar brasileiro de origem camponesa. Eleito 1962, com o golpe militar de 1964 mergulhou na clandestinidade visando organizar focos de guerrilha rural e impor resistência ao militarismo. A Comissão da Memória, Verdade e Justiça Deputado José Porfírio de Sousa sugeriu a construção de monumento em homenagem ao deputado estadual desaparecido José Porfírio, a ser colocado na nova sede da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, que é edificada no Park Lozandes, na capital Goiânia

Que análise o senhor faz da agricultura familiar, de seus integrantes e suas atividades?
Não tenho dúvidas da sua importância e a agricultura familiar tem capacidade para colaborar na erradicação da fome no mundo e também alcançar a segurança alimentar sustentável, que tanto se busca. Quando fui presidente da Amunorte [Associação dos Municípios do Norte], que representa 27 municípios abrangendo o Norte do Estado e o Vale do Araguaia, é que eu fui perceber a magnitude que é a agricultura familiar. Dados colhidos por alto: nós reconhecemos que o Norte de Goiás tem mais de 50 mil agricultores familiares. É muito forte, é um potencial a ser explorado, mas não existe política pública hoje, é uma vergonha dizer que não tem um sistema de assistência técnica para a região. A Emater [Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária] está falida e os municípios não têm como manter essa estrutura. Precisamos de um sistema de assistência técnica rural vinda do governo federal ou do governo do Estado. A hora que acordamos para isso voltaremos a ser uma potência, principalmente na questão da bacia leiteira, fazendo a Leitbom [da Laticínios Morrinhos Indústria e Comércio Ltda, que tinha unidade em Uruaçu] e o Leite Gogó [que era produzido pela Cooperativa Central Rural de Goiás Ltda, sediada em Goiânia] voltarem a funcionar, pois fecharam as portas. Em nosso país, a agricultura familiar representa 84% de todas as propriedades rurais brasileiras, empregando cerca de 5 milhões de famílias.

Outro grande objetivo do senhor é ver a implantação e o funcionamento de uma Regional da UFG no Norte de Goiás. A luta continua?
Através da Amunorte, eu estive com o Professor Edward Madureira, então reitor da Universidade Estadual de Goiás e com o então ministro da Educação, iniciativa mobilizada também pela Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Porangatu [Aciap], quando nós encaminhamos esse pedido, que está tramitando. Só que pensamos maior, nós não queremos só um Campus da UFG, queremos a Universidade Federal do Norte de Goiás, com direção própria, com recursos próprios, para que possamos abranger outros cursos. Que o Norte goiano se torne um polo universitário para avançar a educação universitária nesta região, ajudando a mesma crescer em todos os sentidos. Seria a Universidade Federal do Norte de Goiás. Assim como tem a Universidade Federal do Oeste da Bahia [UFOB], por que não a do Norte de Goiás?


Catarino Silva defende valorização aos mais de 50 mil agricultores familiares do Norte goiano. Da mesma forma, está na luta para que seja instalada na região a Universidade Federal do Norte de Goiás, “com direção própria, recursos próprios, para que possamos abranger outros cursos. Assim como tem a Universidade Federal do Oeste da Bahia, por que não a do Norte de Goiás?”

 Em foto de 2013, Catarino Silva na capital Goiânia, durante evento, com Rui Falcão (presidente nacional do PT) e Valdi Camarcio (militante tradicional do PT goiano)

(Jota Marcelo – JC Online)

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