Uma das espécies foi detectada pela primeira vez em
Goiás; outras oito espécies pouco documentadas foram mapeadas pelo estudo.
Projeto tentou catalogar quais espécies estão em cada região e, com isso, perceber o grau de conservação dos fragmentos – Fotos: Arquivo do projeto
Entre as flores do pequi e as árvores
de buritis, um observador atento pode presenciar o vai e vem de aves de todos
os tamanhos, cantos e cores. Direcionado a esse universo, um projeto de pesquisa
da Universidade Federal de Goiás (UFG) mapeou duzentas e setenta e uma espécies
de aves do cerrado encontradas em 17 fragmentos florestais espalhados pelas
regiões Sul, Central, Leste e Noroeste de Goiás. Uma delas foi registrada pela
primeira vez no território goiano.
Na região Sul, 17 das espécies
encontradas são vinculadas à Mata Atlântica. Em fragmentos mais próximos ao Noroeste,
foram registradas 14 espécies da Floresta Amazônica. Essa é a região que abriga
os maiores blocos florestais e se destacou por hospedar espécies ameaçadas de
extinção, como a arara-azul, o jacu-de-barriga-castanha e o mutum-de-penacho. O
araçari-miudinho-de-bico-riscado (Pteroglossus inscriptus), presente no
Tocantins e na região Amazônica, teve o seu primeiro registro documentado em
Goiás, em um dos fragmentos situados em São Miguel do Araguaia, Noroeste.
A pesquisa também foi responsável
pelo segundo registro documentado no Estado do tauató-pintado (Accipiter
poliogaster). A ave, quase ameaçada de extinção em âmbito mundial, foi
encontrada no Centro goiano, na Floresta Nacional de Silvânia. Seu primeiro
registro em Goiás ocorreu em 1953. “São espécies que não esperávamos
encontrar”, afirmou a pesquisadora Shayana de Jesus. Ao todo, oito espécies
pouco documentadas foram mapeadas pelo estudo.
Conservação
O projeto tentou catalogar quais
espécies estão em cada região e, com isso, perceber o grau de conservação dos
fragmentos. Ao final, os pesquisadores identificaram 13 aves com sensibilidade
alta aos distúrbios ambientais, entre elas o tauató-pintado e o capitão-castanho.
“São aves sensíveis às alterações ambientais, podendo desaparecer de fragmentos
pequenos ou isolados”, afirmou Shayana de Jesus. Dentre as aves mapeadas, 115
são espécies dependentes florestais, ou seja, alimentam-se e se reproduzem
principalmente em florestas.
Na avaliação do professor de Ciências
da Natureza da Educação Intercultural da UFG e coordenador do projeto, Arthur
Bispo, o resultado chama a atenção para o fato de Goiás ainda ser pouco
estudado na área da Ecologia das paisagens. “O Estado possui alguns estudos de
catalogação de aves, realizado principalmente pela Fundação Museu de
Ornitologia, porém esse é um dos primeiros trabalhos que avaliou os efeitos do
processo de fragmentação sobre a diversidade de aves”, explica.
(Informações: Assessoria de Comunicação UFG)
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