“O que adiante retirar a casca (nas cirurgias plásticas)
se o miolo e o cerne da pessoa (coração
e artérias) estão repletos de placas de gordura e colesterol. Nesse caso o
infarto é só uma questão de tempo”
[FOTO > Grãos de soja e milho na GO-237 (Niquelândia-Uruaçu):
“...Da colheita até o consumidor se perde quase 40%” – Foto: Jota Marcelo/Jornal
Cidade
A relação do homem
com os alimentos vem de priscas épocas. Alguém pode ver nesta frase uma certa
tautologia. Decerto o homem tem nexo com o alimento desde o nascimento, seja de
forma ontogenética ou filogenética. O que se busca com essa abordagem é mostrar
como se deu essa evolução do bicho-homem com todo meio de subsistência
nutricional.
Nos albores da
história da humanidade as fontes de alimentos eram escassas e de difícil
acesso. No que concerne aos vegetais, pode-se afirmar: muitas eram as opções de
frutas, folhas, legumes e grãos. Tudo era natural e orgânico. E quanta
vantagem! Não havia os tais agrotóxicos nem os tais dos geneticamente
modificados. O certo é que a concorrência com a fauna (animais selvagens) era enorme.
Mas, havia abundância de vegetais, por isso o equilíbrio era certo.
Uma questão
complicada era a proteína animal. Isto em se tratando do homem primitivo ou das
cavernas. Porque no abate de animais selvagens se empregavam as próprias forças
ou ferramentas rudimentares da própria natureza. Pedra, arco e flecha, e
armadilhas na caça e pesca, eram estas as ferramentas utilizadas. Enfim, a
busca por carne animal ou pescado era árdua e de alto risco. Ora o homem era
caçador, ora se tornava caça de muitos predadores.
Já dando um grande
salto para a idade média e desta para a moderna, muito se evoluiu em se
tratando da ligação do homem com suas fontes nutricionais. Vieram a mecanização
e o vasto emprego de ferramentas mais modernas. A produção agropecuária ganhou
outro destaque na vida dos rurícolas e agricultores. Com o emprego do arado e
adubos orgânicos (estercos) e químicos houve avanços na produtividade e
qualidade na produção agrícola.
Saindo da produção
agrícola com o emprego de ferramentas e mecanização, com a utilização de arados
motorizados, semeadeiras e colheitadeiras chegamos na era da indústria
alimentícia. E esta é o foco principal da presente matéria. Falar em revolução
industrial alimentícia se torna imperativo trazer à lembrança a teoria malthusiana,
do britânico T. R. Malthus (1766-1834).
Esse importante
escritor e economista do século XIX afirmou que a fome e a miséria só seriam
minimizadas com um rígido controle de natalidade e com abstinência sexual. De
certo modo tinha razão o cientista porque em muitos Países subdesenvolvidos a
insegurança alimentar, a fome e a subnutrição constituem graves questões para
esses povos. São Nações com precárias políticas em se tratamento de
planejamento familiar e controle de natalidade.
Agora, em se falando de
Países terceiro-mundistas e emergentes como o Brasil. A verdade real é que
alimentos existem para todos em todos os
tempos. Pelas estatísticas do governo temos cerca de 14 milhões de
desempregados. Se contar o número de subempregados e informais, essas cifras de
pessoas atingem no mínimo 25% da população, ou mais de 50 milhões de bocas para
alimentar.
Enfim, a verdade real
é que se produzem muitos alimentos, mas, da colheita até o consumidor se perde
quase 40%. Perdas que dariam para alimentar de forma satisfatória a todos os
brasileiros.
Uma outra gravíssima
questão, que se mostra de muita insensatez ou sandice mental, se refere ao
grupo de pessoas de melhores posses e capacidade aquisitiva. Essa classe de
pessoas tem no alimento e, nas bebidas uma fonte de alegria, prazer e
“felicidade”. Elas comem muito mais do que o necessário, o exigido para o
aporte nutricional. Disto resulta a epidêmica e mórbida obesidade. Se na África
temos os desnutridos, aqui no Brasil temos os disnutridos ou os dismórficos corporais
(prefixo dis com sentido de
disfunção, doença). O nutrólatra ou o fagólatra come tanto e desmedidamente que
se torna em obeso dismórfico. Aí nem lipo, nem bariátrica resolvem porque as
artérias e o coração estão cheios de gordura e colesterol.
O que adiante retirar a casca (nas cirurgias plásticas)
se o miolo e o cerne da pessoa (coração e artérias) estão repletos de placas de
gordura e colesterol. Nesse caso o infarto é só uma questão de tempo. Que
triste!
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