JOEL BRAGA FILHO
A inovação tecnológica é vital no processo de desenvolvimento econômico e social. Para nos apropriarmos de conhecimento é preciso que os avanços científicos e tecnológicos sejam transformados
Na atualidade, a terra, o capital e o trabalho não são mais o tripé da obtenção de riqueza. No mundo moderno a riqueza é o “saber”, o “conhecimento”. Há pouco tempo, aproximadamente 45 anos, o Brasil estava junto com Espanha e Coréia em índices de atividade econômica e social. Com investimento em educação, estes dois países hoje estão muito à frente de nós. Temos de superar essas diferenças e recuperar o tempo perdido. Após a 2ª Guerra Mundial as mudanças foram baseadas no conhecimento, que passou a ser o responsável pelo aumento do valor agregado.
Em Goiás, uma de nossas prioridades na Secretaria de Ciência e Tecnologia é congregar todos os esforços para a consolidação de uma política e de um sistema estadual de CT&T que favoreça cada vez mais a transformação de conhecimento em bens e serviços. Por isso, estamos trabalhando na Lei de Inovação para que o governador Alcides Rodrigues possa encaminhá-la à Assembléia Legislativa ainda este ano. Sabemos de sua importância, pois 18 Estados brasileiros já estão utilizando seus benefícios.
Os cientistas brasileiros que estão envolvidos com a inovação e a tecnologia trabalham nas universidades ou governo e só 23% estão no setor produtivo (indústrias). Nos EUA, 80% deles atuam dentro das empresas. Na Coréia esse índice chega a 59%. Temos que reverter essa situação, pois não há como substituir as indústrias na tarefa de gerar novos produtos. A ligação entre a universidade, a empresa e o governo é fundamental para nosso crescimento sustentado por pesquisas acadêmicas, aproximando estes atores para que possamos acelerar o processo de inovação.
A transferência de conhecimento tecnológico é vital para Goiás. Sem ela o setor produtivo ficaria para trás no processo de crescimento em que o Estado se encontra, pois ela interfere diretamente no resultado desta evolução. As indústrias goianas, sozinhas, não têm condições de concorrer em pesquisa com as grandes indústrias nacionais e internacionais. O setor de agronegócio encontra-se em total ebulição em desenvolvimento tecnológico. Talvez seja o setor que mais aproveitou a evolução tecnológica para o seu desenvolvimento, mas precisa de mais apoio, principalmente em matéria de inovação. As micro e pequenas empresas não teriam condições financeiras de arcar com os investimentos necessários para inserção competitiva nesse processo. Para elas a inovação é questão de vida ou morte. Precisam inovar no seu dia-a-dia para enfrentar a concorrência e os desafios da sobrevivência no mercado.
Nosso pólo farmoquímico, que já é um dos maiores do País, precisa também de atenção. As multinacionais estão de olho nos genéricos e similares. Temos de dotar nossa academia de informações, por meio de bolsas de especializações e interação tecnológica, para que ela dê suporte necessário ao setor e não deixe que o espaço seja ocupado por outros Estados. Enfim, toda a cadeia de trabalho em Goiás necessita da inovação, para que não se perca a oportunidade de dar um salto, não só no crescimento e PIB, mas também na qualidade sustentável, garantindo competitividade, gerando emprego e evolução intelectual e humana no Estado.
Com a Lei de Inovação, Goiás estará instrumentalizado para adotar medidas de incentivo à pesquisa científica e tecnológica nas atividades produtivas, com vistas à obtenção de autonomia tecnológica, capacitação e competitividade no processo de desenvolvimento industrial. Existem fontes de recursos enormes para uso do Estado. Mas, precisamos do amparo da Lei de Inovação, que permitirá a transferência de pesquisadores, cientistas das universidades, para o setor produtivo. Temos mais de R$ 5,5 milhões de verba dos governos federal e estadual para dar início à arrancada pela inovação
Joel Braga Filho reside em Goiânia-GO e, é secretário estadual de Ciência e Tecnologia
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