A juventude precisa de educação filosófica-teológica
POR EROFILHO LOPES CARDOSO1 (foto)
A juventude precisa de educação filosófico-teológica, porque vive imersa na sociedade informativa. O mundo midiático não deixa espaço para a análise reflexiva e crítica. Os jovens não conseguem refletir porque os meios de comunicação social transmitem demasiada informação, em geral, sem finalidade educativa. As informações midiáticas invadem eficazmente o universo dos jovens mediante as literaturas best-sellers, os sistemas televisivos e a Internet.
A Folha Universal (set. 2006) publicou uma matéria relevante acerca de como os jovens utilizam irrefletidamente a Internet: uns utilizam-na para universalizar a morte individual, outros para promover a morte coletiva. A planejada condenação/enforcamento de Saddam Hussein (dez. 2006) também foi transmitida imediatamente ao orbe inteiro via Internet. A fatal «Cratera» paulista (jan. 2007), a vergonhosa «Operação Furacão» carioca (abr. 2007), a preocupada visita do Papa Bento XVI ao Brasil (maio 2007), o recente caso Isabella (abr. 2008) e os numerosos acontecimentos mundiais de pedofilia conquistaram as páginas da Internet e os sistemas televisivos apresentaram muitas manchetes, reportagens e documentários sobre tais eventos épicos marcantes. Estes fatos mostram explicitamente a força incisiva dos mass media (Internet e TV) na transmissão instantânea de informações elásticas, que não permitem a reflexão crítica dos jovens formativos.
A juventude precisa de educação filosófico-teológica, porque a preocupação central dos programas/sistemas televisivos consiste em atingir o máximo percentual de audiência. Eles não se preocupam com a qualidade do conteúdo transmitido e se esquecem da função fundamental da comunicação: formar a consciência da juventude, não aliená-la. As «nobres» telenovelas globais promovem o fim da instituição familiar, estimulando a infidelidade conjugal e o suicídio televisivo, e os 8 Big-Brothers propagaram a promiscuidade explícita e a publicidade da vida íntima sem limite. Os programas da Igreja Universal do Reino de Deus, exibidos na Record, pregam a prosperidade horizontal sem transcendência: a riqueza material está ao alcance de todos freqüentadores dos seus suntuosos templos feitos do suor e do labor humano dos empobrecidos de JAVÉ, que ofertam o que não têm e não recebem o que esperam. Muitos outros programas evangélicos e católicos levam os jovens à busca de uma religião criada «à imagem e semelhança» dos seus próprios desejos, confinada nos bastidores do subjetivismo, recalcada no sentimentalismo e fundamentada no providencialismo vertical sem imanência: basta orar/rezar e receber a benção de Deus, prosperidade econômica infinita já.
A Igreja Internacional da Graça de Deus não concebe a fé como «resposta à Revelação», mas como «Show» exibido na Band e na RIT. A TV Canção Nova e a Século XXI propagam muitas curas mediante o «toque a distância», a petição ininterrupta de dinheiro aos «sócios», a existência em total dependência de Deus, pregações substancialmente heréticas, dicotômicas e apocalípticas, fundamentadas na teologia da prosperidade. Desse modo, desconsideram a doutrina da própria Igreja Católica que, sendo conservadora da filosofia e teologia aristotélico-tomista, concebe a pessoa como «unidade substancial de corpo e alma» e oferece uma visão mais sistêmica e holística do ser humano. Mas a filosofia e a teologia educativas refutam toda forma de dicotomia, curandeirismo, subjetivismo, sentimentalismo, imanentismo, providencialismo e reconhecem a contribuição da TV Cultura, Futura, Escola e da Rede Vida na educação da consciência juvenil. Consequentemente, a educação filosófico-teológica sobreleva a inteligência analítica dos jovens, valoriza a colaboração dos canais educativos, mostrando os riscos dos programas religiosos alienantes e, sabiamente, questiona a finalidade das literaturas midiáticas.
Os jovens navegam vorazmente nas literaturas best-sellers, feitas «à imagem e semelhança» da mídia. Os romances fictícios de Dan Brown, particularmente O Código Da Vinci (mais de 40 milhões de livros vendidos), e as alquimias livrescas de Paulo Coelho (que não precisa exemplificar) invadem o universo literário da juventude. Estes e outros escritores transmitem grandes mentiras com enredos imaginários e robustecidos de aparente verdade; não buscam a verdade em si, busca perene da filosofia e base substancial da reflexão teológica; querem apenas abarrotar as próprias algibeiras; não se preocupam com a veracidade dos fatos, mas só com a vendagem. Em contrapartida, não se vê os jovens deleitarem na riquíssima literatura brasileira clássica de Castro Alves, Carlos Drummond de Andrade e outros, talvez porque a própria Academia Brasileira de Letras tem elegido os fenômenos midiáticos, os escritores best-sellers, para ocuparem as suas suntuosas cadeiras vacantes. Oxalá os jovens despertem também para literaturas filosófico-teológicas edificantes: O Mundo de Sofia (J. Gaarder); O mundo precisa de filosofia (E. P. de Mendonça); O mundo dos jovens (J. B. Libanio); Juventude e pós-modernidade (Id.). Assim as literaturas midiáticas, que não buscam nem transmitem a verdade, e as informações massivas, sem conteúdo formativo, não mutilarão a capacidade reflexiva da juventude em formação perene.
Portanto, os jovens precisam de educação filosófico-teológica para questionar sem idéias preconcebidas as literaturas descompromissadas com a verdade e optar pelas edificantes, para usar sabiamente a Internet, para refutar os programas religiosos alienantes e valorizar os educativos e para viver melhor na sociedade informativa. A existência filosófico-teológica constitui a plenitude da vida juvenil, porque faz o jovem pensar criticamente antes de acolher qualquer informação e agir conforme o raciocínio crítico antes de ser motivado pelo mundo midiático-religioso circundante. Assim sendo, a educação filosófico-teológica conduz a existência dos jovens para o reino da reflexão crítica: cada jovem constitui um ser filosófico-teológico em devir, porque a filosofia e a teologia analisam criticamente os programas religiosos exibidos nos meios de comunicação social. E todas as ações da juventude emergirão dessa condição existencial de ser, porque socraticamente a informação midiática só será educação, se todos os jovens viverem como seres filosófico-teológicos.
EROFILHO LOPES CARDOSO1
POR EROFILHO LOPES CARDOSO1 (foto)
A juventude precisa de educação filosófico-teológica, porque vive imersa na sociedade informativa. O mundo midiático não deixa espaço para a análise reflexiva e crítica. Os jovens não conseguem refletir porque os meios de comunicação social transmitem demasiada informação, em geral, sem finalidade educativa. As informações midiáticas invadem eficazmente o universo dos jovens mediante as literaturas best-sellers, os sistemas televisivos e a Internet.
A Folha Universal (set. 2006) publicou uma matéria relevante acerca de como os jovens utilizam irrefletidamente a Internet: uns utilizam-na para universalizar a morte individual, outros para promover a morte coletiva. A planejada condenação/enforcamento de Saddam Hussein (dez. 2006) também foi transmitida imediatamente ao orbe inteiro via Internet. A fatal «Cratera» paulista (jan. 2007), a vergonhosa «Operação Furacão» carioca (abr. 2007), a preocupada visita do Papa Bento XVI ao Brasil (maio 2007), o recente caso Isabella (abr. 2008) e os numerosos acontecimentos mundiais de pedofilia conquistaram as páginas da Internet e os sistemas televisivos apresentaram muitas manchetes, reportagens e documentários sobre tais eventos épicos marcantes. Estes fatos mostram explicitamente a força incisiva dos mass media (Internet e TV) na transmissão instantânea de informações elásticas, que não permitem a reflexão crítica dos jovens formativos.
A juventude precisa de educação filosófico-teológica, porque a preocupação central dos programas/sistemas televisivos consiste em atingir o máximo percentual de audiência. Eles não se preocupam com a qualidade do conteúdo transmitido e se esquecem da função fundamental da comunicação: formar a consciência da juventude, não aliená-la. As «nobres» telenovelas globais promovem o fim da instituição familiar, estimulando a infidelidade conjugal e o suicídio televisivo, e os 8 Big-Brothers propagaram a promiscuidade explícita e a publicidade da vida íntima sem limite. Os programas da Igreja Universal do Reino de Deus, exibidos na Record, pregam a prosperidade horizontal sem transcendência: a riqueza material está ao alcance de todos freqüentadores dos seus suntuosos templos feitos do suor e do labor humano dos empobrecidos de JAVÉ, que ofertam o que não têm e não recebem o que esperam. Muitos outros programas evangélicos e católicos levam os jovens à busca de uma religião criada «à imagem e semelhança» dos seus próprios desejos, confinada nos bastidores do subjetivismo, recalcada no sentimentalismo e fundamentada no providencialismo vertical sem imanência: basta orar/rezar e receber a benção de Deus, prosperidade econômica infinita já.
A Igreja Internacional da Graça de Deus não concebe a fé como «resposta à Revelação», mas como «Show» exibido na Band e na RIT. A TV Canção Nova e a Século XXI propagam muitas curas mediante o «toque a distância», a petição ininterrupta de dinheiro aos «sócios», a existência em total dependência de Deus, pregações substancialmente heréticas, dicotômicas e apocalípticas, fundamentadas na teologia da prosperidade. Desse modo, desconsideram a doutrina da própria Igreja Católica que, sendo conservadora da filosofia e teologia aristotélico-tomista, concebe a pessoa como «unidade substancial de corpo e alma» e oferece uma visão mais sistêmica e holística do ser humano. Mas a filosofia e a teologia educativas refutam toda forma de dicotomia, curandeirismo, subjetivismo, sentimentalismo, imanentismo, providencialismo e reconhecem a contribuição da TV Cultura, Futura, Escola e da Rede Vida na educação da consciência juvenil. Consequentemente, a educação filosófico-teológica sobreleva a inteligência analítica dos jovens, valoriza a colaboração dos canais educativos, mostrando os riscos dos programas religiosos alienantes e, sabiamente, questiona a finalidade das literaturas midiáticas.
Os jovens navegam vorazmente nas literaturas best-sellers, feitas «à imagem e semelhança» da mídia. Os romances fictícios de Dan Brown, particularmente O Código Da Vinci (mais de 40 milhões de livros vendidos), e as alquimias livrescas de Paulo Coelho (que não precisa exemplificar) invadem o universo literário da juventude. Estes e outros escritores transmitem grandes mentiras com enredos imaginários e robustecidos de aparente verdade; não buscam a verdade em si, busca perene da filosofia e base substancial da reflexão teológica; querem apenas abarrotar as próprias algibeiras; não se preocupam com a veracidade dos fatos, mas só com a vendagem. Em contrapartida, não se vê os jovens deleitarem na riquíssima literatura brasileira clássica de Castro Alves, Carlos Drummond de Andrade e outros, talvez porque a própria Academia Brasileira de Letras tem elegido os fenômenos midiáticos, os escritores best-sellers, para ocuparem as suas suntuosas cadeiras vacantes. Oxalá os jovens despertem também para literaturas filosófico-teológicas edificantes: O Mundo de Sofia (J. Gaarder); O mundo precisa de filosofia (E. P. de Mendonça); O mundo dos jovens (J. B. Libanio); Juventude e pós-modernidade (Id.). Assim as literaturas midiáticas, que não buscam nem transmitem a verdade, e as informações massivas, sem conteúdo formativo, não mutilarão a capacidade reflexiva da juventude em formação perene.
Portanto, os jovens precisam de educação filosófico-teológica para questionar sem idéias preconcebidas as literaturas descompromissadas com a verdade e optar pelas edificantes, para usar sabiamente a Internet, para refutar os programas religiosos alienantes e valorizar os educativos e para viver melhor na sociedade informativa. A existência filosófico-teológica constitui a plenitude da vida juvenil, porque faz o jovem pensar criticamente antes de acolher qualquer informação e agir conforme o raciocínio crítico antes de ser motivado pelo mundo midiático-religioso circundante. Assim sendo, a educação filosófico-teológica conduz a existência dos jovens para o reino da reflexão crítica: cada jovem constitui um ser filosófico-teológico em devir, porque a filosofia e a teologia analisam criticamente os programas religiosos exibidos nos meios de comunicação social. E todas as ações da juventude emergirão dessa condição existencial de ser, porque socraticamente a informação midiática só será educação, se todos os jovens viverem como seres filosófico-teológicos.
EROFILHO LOPES CARDOSO1
1 É Mestre em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE, Belo Horizonte, 2006), Bacharel em Teologia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CESJF, 2005), Bacharel em Teologia pelo Ateneo Pontifícia Regina Apostolorum (APRA, Roma, 2003), Bacharel em Filosofia pelo Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília (SMAB, Brasília, 2000). Possui um projeto de tese de doutorado em Ciência da Religião: «O personalismo filosófico-teológico de K. Wojtyla: uma proposta paradigmática para o diálogo inter-religioso», sob orientação do Prof. Dr. João Batista Libanio. Reelaborou o «Projeto Fábrica de Vassouras e Sacolas Plásticas», que foi integralmente aprovado e patrocinado pela PETROBRAS (2008-2009). Elaborou o Plano de Governo da Frente Popular Vargealegrense. Atualmente é gestor da COOPERVIDAS, Cooperativa Vidas Solidárias da Região de Vargem Alegre Ltda. e ministrante de cursos litúrgicos, doutrinários, catequéticos e consultor pastoral da Paróquia São José de Vargem Alegre, MG.
2 comentários:
É de entristecer a realidade verdadeira aqui relatada, pois estamos vivendo e vendo uma atimosfera de manipulações tanto religiosa como política das massas sociais humanas que se recusam a refletir filosófica-teologicamente, se tornando presa fácil da mídia alienante e alienada.
O autor relata de forma admirável e bem fundamentada a situação e abuso dos sistemas de TV e o modo como as religiões, em geral, aproveitam da fragilidade educacional da juventude para bombardeá-la com conteúdos sem valor formativo. Muito bem, o autor coloca a crítica literária aos autores denominados best-selers. É um artigo equilibrado e bem elaborado!
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