Leandro Resende recepcionou convidados na
Fundação Jaime Câmara, dias 17 e 18. Dia 25, o contista promoverá
tarde de autógrafos na Livraria Leitura (Goiânia Shopping)
Acima, Resende autografa livro ao lado da filha Isadora Resende;abaixo, tem companhia da esposa Lorena Danielle
Depois de lançar Útero (contos, de 2005) e Uísque, Valium e Uva (poesia, também de 2005), o escritor Leandro Resende uma vez mais aterrissou no mercado com novo livro de contos: Solo de Vidro para Piano Nº 1, lançado dia 17, na Fundação Jaime Câmara, em Goiânia. As três obras foram editadas por ele próprio, também jornalista (é subeditor de Economia e cronista do jornal O Popular, da capital). O lançamento do livro se entendeu pelo período matutino do dia seguinte, no mesmo espaço cultural. Para o sábado 25, está programada uma tarde de autógrafos na Livraria Leitura, localizada no Goiânia Shopping, também na capital, com venda de exemplares.
Matéria publicada dia 17 em O Popular, evidencia a obra do integrante da nova geração de autores do Estado. Assinada por Rogério Borges, a reportagem apresenta óticas do escritor. Dentre elas: “Eu escrevi os contos deste livro entre 2006 e 2008.” “O título já mostra que um dos temas principais é a solidão nas grandes cidades. Quanto mais populosos são os centros urbanos, mais as pessoas que neles vivem estão sozinhas.” Mais: “Há personagens neste livro que eu acho bem parecidas com as do anterior. Nos dois há pessoas que saem em busca de alguém, sem saber ao certo onde procurar.”
Na matéria do periódico onde o escritor trabalha, o leitor tem a oportunidade de apreciar análise apurada do autor da mesma - Rogério Borges -, que salienta, sobre o escritor: “Ele não esconde uma avaliação nada abonadora da sociedade e de seus atores, mas não é um panfletário, seus contos não são um punhado de catarses gratuitas.” Leia abaixo a análise (sem adaptações) (Jota Marcelo, com Marcello Jr. - 19/10/08).
Autor demonstra amadurecimento em novo livro
Autor urbano, Leandro busca inspiração em cenas absolutamente normais. Observador atento, retira de comportamentos à primeira vista sem maior significado a matéria-prima para deduções e ilações que transformam algo sem graça em histórias surpreendentes. Mazelas sociais são abordadas sem que haja um discurso social-demagógico.
Leandro consegue falar de injustiças, de preconceitos e de medos sem cair em maniqueísmos fáceis que geralmente acompanham tais abordagens. Há também um pouquinho do que até poderíamos chamar de naturalismo em suas descrições. Ele não se prende a pudores para falar de certas escatologias, não se intimida em fazer referência a sentimentos e atitudes reprováveis.
Pode-se acusar o escritor de ter pouca fé na humanidade. A crítica vale, mas ela deve estar inserida no contexto devido. Um ficcionista tem todo o direito de não acreditar em mundos de Poliana, de não dar crédito a quem não os merece, de ter uma visão obscura e pessimista do que quiser.
Sua preocupação é expressar tal descrença de forma convincente e honesta, de encarar a ficção como ficção e o leitor como leitor e não a obra literária e quem a lê como um divã psicanalítico, em que pode despejar todas as suas rabugices sem pensar na literatura em si. Leandro não incorre neste erro. Ele não esconde uma avaliação nada abonadora da sociedade e de seus atores, mas não é um panfletário, seus contos não são um punhado de catarses gratuitas.
Leandro Resende demonstra em Solo de Vidro Para Piano Nº 1 amadurecimento como escritor. Estes contos são consideravelmente melhores que os de Útero. Não que os anteriores não tivessem qualidade, mas, talvez como toda estréia, eles não apresentavam a mesma segurança destas novas produções.
Se o estilo de algumas narrativas do primeiro livro era errático, neste Leandro consegue pavimentar um caminho próprio, que passa pela temática, pela linguagem e pela maneira como une os dois elementos. Seus contos estão mais firmes e, por esta razão, mais originais.
Fatalmente influenciado por uma literatura mais livre de prisões, característica da produção dos novos autores nacionais dos últimos dez anos, Leandro não renega de qual extração vem, mas retoma recursos mais tradicionais para construir os submundos particulares de seus personagens.Uma receita que muitos escritores aspirantes ao sucesso deveriam seguir.
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