sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Precisão será arma para coordenar UEG

O Blog transcreve, sem adaptações, entrevista concedida dia 14 de outubro por Augusto Fleury, concorrente ao cargo de reitor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), ao jornal Diário da Manhã (Goiânia-GO) - repórter Diogo Luz. Leia matéria abaixo, postada nesta data (Da Redação - 17/10/08):

Precisão e meticulosidade - as duas palavras se completam e têm destaque no dicionário de qualquer engenheiro. Elas também são as armas do professor doutor em Engenharia Augusto Fleury na disputa pela reitoria da Universidade Estadual de Goiás (UEG), com eleição marcada para o dia 31 de outubro. Ele é considerado um dos pais do projeto - que completará 10 anos em 2009 - e como tal não deixa de observar as virtudes e problemas com o olhar rigoroso de uma vida dedicada ao desenvolvimento intelectual. Em visita ao Diário da Manhã, ele apresentou as principais propostas para aquela que é a principal janela para o futuro de muitos jovens goianos. Entre elas se destacam a democratização da universidade, com espaço para que os estudantes, corpo docente e funcionários ajudem a decidir os caminhos a ser trilhados pela instituição. O programa também prevê a reestruturação das bibliotecas, além de uma política de pesquisa com recursos específicos para a produção científica continua. Enquanto beberica café, fala com orgulho sobre os 15 anos de trabalho na UEG. “Tenho mais tempo de vida na universidade do que ela tem de existência”, diz. A explicação é simples. Ele participou como professor da primeira turma de engenharia do projeto que deu origem à instituição. “Foram tempos difíceis, mas hoje ela é motivo de orgulho para os goianos”, afirma sorrindo. Democrata convicto, ele transpira indignação com o atual sistema de escolha da reitoria. “Os votos dos professores valem 50% do total. Os alunos e funcionários administrativos somam apenas 25% cada categoria. Eles também não são interessados no futuro da universidade? Ela é o elo com o próprio futuro de cada um deles”, desabafa. Augusto aproveita a oportunidade da entrevista e faz um apelo. Ele pede para que os alunos e funcionários se apresentem para a votação no dia 31 de outubro. “Gostaria de aproveitar que um veículo com o alcance do Diário da Manhã está abrindo espaço para que possa apresentar as propostas para universidade, e pedir para que toda a comunidade universitária participe da eleição. São vocês que podem mudar o futuro da UEG.”


Por que o senhor deseja ser reitor da UEG?
Tenho propósito de servi-la nesta nova fase da universidade. Fase que oportunamente se abre à medida que se aproxima do 10º aniversário. A universidade foi criada em 1999 e conseguiu se expandir. Ela possui muitos problemas para serem resolvidos e é chegado o momento de nós fazermos com que a UEG comece a ter soluções proporcionais ao seu tempo de existência. Sendo difusa é mais difícil que ela se encontre consigo. Por isso é necessário mecanismos para que as unidades se encontrem, como colegiados representativos eleitos democraticamente, ela precisa de meios e modos de transportar pessoas entre cidades para áreas específicas do saber trocar conhecimentos e experiências. Ela precisa que seu conselho universitário seja um órgão de reunião freqüente. São previstas apenas quatro reuniões por ano.

Quais os problemas existentes na UEG?
Hoje nós temos uma instituição plural com problemas de infra-estrutura em várias unidades. Diria até que em todas. Estes problemas às vezes são graves e outros gravíssimos. Vão desde falta de espaço para relação de atividades de ensino, pesquisa e extensão, até problema relacionado à falência de estruturas já existentes. Nós temos tesouros da nossa cidade como a Eseffego com o parque esportivo que está em condições precárias.

Qual é o principal problema da UEG em sua opinião?
Falta de personalidade. A UEG tem partes que não se conhecem, que deixaram de se falar. A necessária integração para mantê-la unida e coesa, provocando uma sinergia entre as diversas unidades universitárias não está acontecendo. Há fragmentação de esforços, elas estão ficando e se sentindo isoladas. A universidade precisa dizer qual é a sua política acadêmica, que tipo de instituição ela quer ser e que mostre para a comunidade goiana qual é a sua identidade. Atualmente, a UEG está despersonalizada.

Qual é a relação entre a UEG e a Universidade Federal de Goiás?
A UFG não é um paradigma para a UEG. Ela não veio nem para ser, nem para parecer com a UFG. A UEG é a universidade da oportunidade, da integração social. Ela permite o acesso ao ensino superior àqueles que não teriam esta oportunidade de outra forma. A UEG caracteristicamente tem alunos com renda mensal familiar ao redor ou abaixo de R$ 1 mil. É uma instituição, sobretudo de integração social, de criação de oportunidade e inseminação de cultura e conhecimento. A UEG é plantadora.

O senhor defende no panfleto que haja mais democracia na universidade. Como planeja fazer isso?
Os votos dos professores valem 50% do total. Os alunos e funcionários administrativos somam apenas 25% cada categoria. Eles também não são interessados no futuro da universidade? É chegada a hora de entregar aos alunos e funcionários a tarefa de construir a própria universidade. A época da reitoria onipotente, salvadora e heróica passou. Tanto passou que atualmente o governo universitário, por não poder responder tantos quesitos apresentados, está desgastado.

Os recursos disponibilizados para a UEG são suficientes? Há autonomia para decidir onde eles serão aplicados?
A UEG tem autonomia para destinar recursos conforme as necessidades. O que vejo no momento são duas coisas: a quantidade de recursos que o Estado pode destinar à universidade precisa aumentar, entretanto, antes disso a UEG precisa deixar transparecer, mostrar claramente, que está aplicando bem a cota que já recebe. Falta de uma gestão participativa, que seja distributiva de responsabilidades, segundo um ordenamento de prioridades a partir de critérios predefinidos.

Até que ponto isto prejudica a vida acadêmica?
Uma vez que a finalidade de uma instituição de ensino superior é o ensino, a pesquisa, a pós-graduação e a extensão, a falta de clareza em relação aos recursos que serão destinados a estes itens afeta o cerne da vida acadêmica. Estamos com o concurso em aberto para a contratação de professores aproximadamente há três anos. Apesar de existir autorização para realizar o concurso, ele não acontece. A universidade vai completar dez anos e não temos o estatuto da carreira técnico-administrativa.

Como está a situação da pesquisa científica na UEG?
A pesquisa hoje se centra quase que unicamente nos esforços dos professores em buscar UEG fora da universidade. É claro que esta é a função deles, mas a ausência de uma política de pesquisa acamada numa destinação orçamentária pré-definida e colegiadamente fazem com que pesquisadores, professores e bolsistas sejam empurrados para uma terra de ninguém.

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