De
acordo com o IBGE, o carro-chefe desta recuperação será a safra de grãos,
estimando uma produção de 26,2%, maior este ano na comparação com 2016 – Foto: Fredox Carvalho/Faeg
O
desempenho do setor agropecuário será o principal responsável pelo crescimento
esperado para o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano.
Mas as boas notícias vindas do campo não devem ficar restritas aos três meses
iniciais. De acordo com especialistas, a expectativa é que fatores como o clima
e a baixa base de comparação, em relação a 2016, continuem dando frutos até
dezembro, fazendo com que a produção agrícola cresça, na pior das estimativas
até agora, 6%.
As
próprias denúncias deflagradas contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB),
que têm o potencial de abortar a recuperação econômica do País, podem ter até
efeito oposto na agropecuária. Conforme diz o consultor técnico da Federação da
Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Pedro Arantes, a previsão é que o setor
agropecuário continue apresentando resultados expressivos. Baseado nas safras
agrícolas e graças às boas condições climáticas. “O agro ainda é o carro-chefe
da economia brasileira. Ele é quem alavanca o PIB, com destaque,
principalmente, nas culturas de milho e soja. Apenas aos preços das commodities milhos e soja que
tiveram queda nos preços quanto comparada ao ano passado”, pontua o
especialista.
De
acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
carro-chefe desta recuperação será a safra de grãos, estimando uma produção de
26,2% maior este ano na comparação com 2016, chegando a 233,1 milhões de
toneladas. Para o presidente Nelson Rocha Augusto, do Banco Ribeirão Preto
(BRP), o crescimento é quase tão grande quanto as 56 milhões de toneladas de
soja produzidas anualmente na Argentina. As regiões que mais se beneficiarão,
caso os resultados positivos sejam confirmados, serão Centro-Oeste e o interior
de Estados, como Paraná e Santa Catarina.
Resultados
A
expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que a produção
aumente 15,4% em relação a 2016. De acordo com a consultoria Tendências, mais
de 75% do crescimento esperado para o PIB deve vir da agropecuária. Até
quinta-feira (18), a consultoria estimava alta de 0,3% da atividade neste ano,
mas o número ganhou um viés de baixa depois da crise política instalada pela
delação premiada da JBS. A consultoria tem estimativa de alta de 8% para o PIB
agrícola neste ano, mas já planejava revisá-la para cima.
A
partir de meados do segundo trimestre, com ainda mais força no terceiro, é o
milho quem deve puxar o carro, com alta de 40% em relação ao ano passado. “A
safrinha virou safrona”, disse Hausknecht, da MB Agro. Somados, milho e soja
representam 89% da produção de grãos. Parte dessa recuperação se deve ao clima.
Se em 2016 o regime desfavorável de chuvas gerou quebras de safra, em 2017 a
situação é oposta. “Neste ano, choveu no lugar certo, na hora certa”, disse
Rocha Augusto, do BRP.
Outro
fator que influenciou esse crescimento foi a alta dos preços, que, justamente
em função das quebras de safra do ano passado, incentivou os agricultores a
ampliarem a área de plantação. Em 2016, o PIB agrícola caiu 6,6%. As
estimativas do boletim Focus para este ano estão em alta de 6%, mas o BRP
calcula aproximadamente 6,5% e a Tendências espera 7%.
A
supersafra de milho e soja terá ainda efeitos indiretos para o interior do País.
Um deles é que a grande oferta desses itens, principais insumos para a ração de
animais, barateará a produção bovina. “As perspectivas para a carne são muito
boas”, disse Novaes, da Tendências. O setor foi levemente abalado pela operação
Carne Fraca, no fim de março, mas deve voltar com força nos próximos meses.
Segmentos como a fabricação de máquinas agrícolas, transportes e serviços têm
tudo para ser alguns dos mais beneficiados. “Uma safra dessas pode não
dinamizar a região metropolitana de São Paulo ou do Rio de Janeiro”, disse
Felippe Serigati, professor do MBA em Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (FGV).
“Mas, sem dúvida alguma, no interior do País quem carrega o ‘piano’ é o setor
agropecuário.”
(Fonte: jornal Valor Econômico [São Paulo-SP]. Com informações
da Faeg)
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