No
novo pacote de crédito o governo decidiu garantir juros mais baixos – Foto: Divulgação/Faeg
No novo pacote de crédito o governo federal
decidiu garantir juros mais baixos, de até 6,5% ao ano, e um volume total de
recursos a juros controlados da ordem de R$184 bilhões.
Em
meio às turbulências que ameaçam sua própria sobrevivência política e em busca
por boas notícias, o presidente Michel Temer decidiu que lançará pessoalmente o
Plano Safra 2017/18 no dia 5 de junho. Pretende novamente acenar ao
agronegócio, um dos setores mais fiéis ao seu governo e que ainda lhe garante
algum apoio.
Como
antecipou o Valor, no novo pacote de crédito o governo decidiu garantir juros
mais baixos, de até 6,5% ao ano, e um volume total de recursos a juros
controlados da ordem de R$ 184 bilhões, mesmo patamar colocado à disposição dos
agricultores e pecuaristas do país na atual temporada (R$183,9 bilhões), que
terminará em 30 de junho.
O
aceno, entretanto, talvez não seja tão bem recebido como o governo espera.
Representantes do setor até reconhecem o esforço da equipe econômica nas
últimas semanas para entregar um Plano Safra com taxas de juros em média um
ponto percentual menores para os financiamentos agrícolas. Mas queriam uma
redução menor, tendo em vista as quedas da inflação e da taxa básica Selic nos
últimos meses.
Já
está definido, por exemplo, que as taxas das operações de custeio recuarão para
8,5% ao ano, enquanto as de investimento serão de 7,5% – exceto PCA
(armazenagem) e Inovagro (inovação), que terão juros menores, de 6,5%.
Nesse
contexto, antes mesmo do anúncio oficial do novo Plano Safra desenhado para a
agricultura empresarial, produtores rurais de todo País já reagem à redução dos
juros, que consideraram pequenas. Como também informou o Valor, o setor pressionava por reduções de pelo menos dois ou
três pontos percentuais.
“Na
última conversa que tivemos com o Ministério da Agricultura e com o Tesouro
Nacional, soubemos que a taxa do custeio iria recuar para 8,5% ao ano. Não é o
que a gente queria, já que pedimos 6,5%”, afirmou Bruno Lucchi, superintendente
técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Coerente
Para
Lucchi, o argumento colocado sobre a mesa pelo Tesouro, de que a nova lei do
teto de gastos vai limitar o pagamento de equalização das taxas de juros do
crédito agrícola a partir de 2017, é coerente com o discurso de austeridade
fiscal do governo. Mas, na sua visão, se o problema realmente é orçamento, o
governo deveria cuidar melhor da eficiência do gasto público, inclusive impondo
a bancos públicos um spread menor
nas operações de crédito rural.
O Valor
apurou que o Ministério da Agricultura até fez uma proposta formal para que o
spread dos bancos nessa área – que está em 3,8%, em média- fosse reduzido, mais
isso depende de resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN). O spread é a
diferença entre o custo do dinheiro captado pelo banco e o valor que a
instituição cobra do tomador final do empréstimo.
“A
lógica toda era reduzir em pelo menos três pontos as taxas do Plano Safra, para
ter coerência. Mas sabemos que isso infelizmente é impossível”, afirma o
presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB).
Para
tornar viável a redução média de um ponto percentual, Agricultura e Fazenda
concordaram em reduzir os prazos de pagamento dos financiamentos de custeio de
24 para 14 meses, e de 15 para dez ou 12 anos no caso das linhas de
investimento. E ainda costuram uma Medida Provisória (MP) para que cerealistas
também possam tomar crédito para armazenagem.
(Informações: jornal Valor Econômico [São Paulo-SP]. Com informações
da Faeg)
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