Iniciativa da Seduce garante atendimento educacional hospitalar e domiciliar para crianças e jovens que precisam abandonar a escola para tratamento médico.
Débora Raza da Silva: “Desenhando me sinto mais tranquila e feliz porque ocupo o meu tempo e me sinto mais confiante” – Fotos: Seduce/Divulgação
Se
para um adulto receber a notícia que está com câncer já é complicado, imagina
para uma pré-adolescente cheia de sonhos e planos? Mas o que para a maioria das
pessoas seria motivo de desespero e insegurança, para Débora Raza da Silva, de
12 anos, o diagnóstico foi uma boa oportunidade para demonstrar a sua fé e seu
otimismo.
Débora
soube que tinha leucemia há cerca de sete meses e sem perder tempo começou o
tratamento médico no Hospital Araújo Jorge, sediado em Goiânia, onde passa por
sessões de quimioterapia de 21 em 21 dias. Dos seis ciclos de internações
previstos, ela já cumpriu quatro. Por conta disso ela foi forçada a se afastar
da escola e passou a contar com o apoio dos profissionais do Núcleo de
Atendimento Educacional Hospitalar (NAEH), que mantém classes hospitalares e
domiciliares em Goiânia e no interior do Estado. O NAEH integra a Gerência de
Ensino Especial da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte de Goiás (Seduce).
Muito
embora Débora seja aluna da rede municipal de Goiânia, ela conta com atendimento
pedagógico dentro da unidade hospitalar graças a uma parceria com a Prefeitura
da capital. Para a jovem, o projeto foi importante para ajudá-la a se
fortalecer emocionalmente para enfrentar a doença com mais equilíbrio e
tranquilidade.
E o
caminho encontrado para isso, segundo ela, foi o desenho. Talento que ela
descobriu ainda criança e que, desde então, cultiva como hobby. Aluna da Classe Hospitalar da unidade de saúde, ela
explica que a ideia de ocupar o tempo desenhando foi dada pelas professoras
Miriã Clemente de Freitas, que a acompanha na ala de quimioterapia no período
da manhã, e por Heloísa Souza Viana, que atua na Pediatria no vespertino.
Otimismo
“Quando
começo a desenhar até me esqueço de que estou no Hospital. Me sinto em casa e
deixo a minha imaginação fluir e me levar. Desenhando me sinto mais tranquila e
feliz porque ocupo o meu tempo e me sinto mais confiante”, explica ela. As
principais inspirações de Débora são os personagens de livros, desenhos
animados e filmes de animação. Entre eles se destacam o Pateta, a Mônica, Piu-piu,
Minnie, Bob Esponja, Mickey Mouse, Popeye, Rei Leão, Bart Simpson e o cachorro
Odie, companheiro do gato Garfield.
Outras
paixões de Débora são a leitura e a música. Sobre os livros, ela afirma que os
que mais a marcaram foram O Grande
Rabanete, alguns da série Crepúsculo,
A Culpa é das Estrelas, A Cabana e O Chamado, que ela terminou de ler recentemente. Quanto à
música, apesar da idade, ela prefere obras clássicas e eruditas. “Gosto muito
de piano, porque me transmite muita paz e harmonia interior”.
Além
de se sentir orgulhosa pelo talento artístico da filha, a mãe de Débora diz que
o desenho tem ajudado muito a menina a passar pelas etapas do tratamento com
muito otimismo e disposição para a cura. Maria de Jesus Costa da Silva ressalta
que a garota enfrenta tudo com bom humor, segue à risca todas as recomendações
médicas e se mostra 100% comprometida com o tratamento.
Motivada
por suas professoras, Débora decidiu expor cerca de 200 trabalhos na Gerência
de Ensino Especial da Seduce. As obras não só chamaram a atenção dos servidores
como encantou a muitos, que decidiram adquirir vários deles, ainda que a
intenção inicial não tenha sido de comercialização. O dinheiro arrecadado vai
ajudar a família a custear o tratamento e também serviu de motivação para que
Débora continue a aperfeiçoar-se em sua arte.
Parcerias
Wânia
Elias Vieira de Oliveira, responsável pelo NAEH, também se empolgou com o
sucesso da exposição e já pensa em uma nova edição para agosto. “Essa
iniciativa da Seduce é fundamental para que o educando não perca o vínculo com
os estudos e possa prosseguir com sua vida escolar mesmo passando por
tratamento médico. O Núcleo valoriza as habilidades dos estudantes e, a partir
de suas experiências, promove a mediação da aprendizagem de maneira
contextualizada e interdisciplinar utilizando o Currículo Referência da rede
estadual”, explica.
Este
ano, o NAEH já atendeu mais de quinhentas crianças e adolescentes tanto em
domicílio quanto por meio das classes hospitalares mantidas em dez
instituições: Hospital Araújo Jorge (HAJ), Hospital das Clínicas da Universidade
Federal de Goiás (UFG), Hospital Materno Infantil (HMI), Santa Casa de
Misericórdia, Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), Hospital de Urgências
Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), Centro de Readaptação e
Reabilitação Dr. Henrique Santillo (Crer), Hospital de Doenças Tropicais (HDT),
Hospital Geral de Goiânia (HGG) e Hospital de Dermatologia Sanitária e
Reabilitação (antiga Colônia Santa Marta).
Wânia
Elias informa que o Núcleo conta com o apoio de parceiros importantes como a
Universidade Federal de Goiás (UFG), que cede estagiários dos cursos de
Pedagogia desde 2013 e de Biologia, Engenharia Civil e Engenharia Ambiental a
partir deste ano. No ano passado, o projeto beneficiou 847 estudantes de
Goiânia e do interior do Estado. Com as férias de julho, o atendimento
educacional hospitalar e domiciliar entra em recesso no próximo dia 30 e só
retorna no dia 2 de agosto.
(Informações: Comunicação Setorial da Seduce)
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