quarta-feira, 7 de junho de 2017

Morre Iawí Avá-Canoeiro. INFELIZMENTE!

 

 Iawí no Memorial Serra da Mesa, em Uruaçu. E, Iawí com Sinvaline Pinheiro, no interior do Memorial Serra da Mesa – Fotos: Acervo de Sinvaline Pinheiro

Iawí: morte aos 56 anos – Foto: www.encontrodeculturas.com.br

Depois de três anos lutando contra um câncer (linfoma), morreu em 6 de junho, o índio Iawí, sobrevivente ao terrível massacre de 1969.
Pouca gente no Brasil e no mundo sabe a importância dos Avá-Canoeiro. E claro, pouca gente se importa com eles.
História pura...
De Sinvaline Pinheiro, coordenadora-geral do complexo, excelente espaço de natureza científica e educativa existente às margens do lago Serra da Mesa (em Uruaçu - dez minutos distante do Centro da cidade) e, administrado pela Fundação de Desenvolvimento da Região da Serra da Mesa (Fusem):
Iwaí partiu... Um valente Avá-Canoeiro abatido pelo descaso do homem branco ao seu jeito selvagem de ser. Ficou o sorriso amarelo que não aderiu ao mundo do “civilizado” que caçou e matou sua gente.
[...].

Nota da Seduce, órgão do Governo de Goiás:
A Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) lamenta profundamente o falecimento, nesta terça-feira, 6/6, em Goiânia, do aluno Iawí, da Extensão Avá-Canoeiro Ikatote, localizada na aldeia da TI Avá-Canoeiro, no município de Minaçu. Iawi, de 56 anos, foi um grande guerreiro que resistiu bravamente ao massacre histórico de 1969. Iwaí e três mulheres sobreviventes deste massacre, Matcha, Naquatcha e Tuia viveram em cavernas por mais ou menos 12 anos para fugir dos ataques dos homens brancos. Iwaí teve dois filhos: Trumack e Niwatima, hoje adultos.
Em 2 maio de 2016, a Seduce, juntamente com seus parceiros FUNAI e as universidades Federal de Goiás (UFG), Estadual de Goiás (UEG) e a de Brasília (UNB), deu início a Educação Escolar Indígena na TI Avá-Canoeiro com a abertura da Extensão Avá-Canoeiro Ikatote, nas modalidades de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Ensino Fundamental de 1º ao 5º ano. Iawí jutamente com seu povo era aluno nesta unidade escolar e estava aprendendo a ler e a escrever numa educação trilíngue, pois sua língua materna era Avá-Canoeiro. Ele também já falava português e sua filha Niwatima se casou com Kapitomy’i Tapirapé, lhe dando três netos que também se comunicam na língua Tapirapé.
Iwaí nos deixa, mas seu espírito estará presente e provavelmente feliz em ver seu povo tendo oportunidade de estudar numa educação que tem como princípios a interculturalidade e a trandisciplinaridade. O respeito e a valorização as especificidades à cultura são elementos primordiais a este trabalho que deve ser diferenciado e específico. Sua filha Niwatima é professora de língua Avá-canoeira e os 13 alunos tem o direito garantido a uma educação trilíngue com currículo, calendário e acompanhamento específicos.
Leia mais sobre os Avá-Canoeiros:

(Jota Marcelo. Com atualização)

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